segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Bento XVI e o jornalismo arregão



Já foi dito por muitos católicos que acompanhar a cobertura desta renúncia papal e do próximo conclave por determinada imprensa era um tipo excelso de sacrifício. Não é de se admirar. Já teve jornal de primeira linha divulgando desde que a renúncia criava um precedente para se acabar com a infalibilidade papal - oi? - até que o momento era uma deixa para um Concílio Vaticano III. Mas até aí, sejamos tolerantes, opiniões jogadas ao vento, aceitas por qualquer papel.

O nível geral, no entanto, desceu drasticamente na última sexta feira, dia 15, quando a Folha de São Paulo divulgou o artigo de Barbara Gancia sobre o tema em questão.

Muito diferente dos outros textos, em que opiniões e especulações - por mais mirabolantes que fossem - eram colocadas em pauta com um mínimo de fundamento e seriedade, esse artigo chocou pelo seu caráter estrito de folhetim, propaganda e ataque pessoal. Dá para ver o veneno contido por entre a tipografia. Ao que tudo indica, a idéia era mesmo debochar, invocar ar de superioridade e capitalizar.

O artigo se intitula "Bento XVI, o Arregão". O escopo do artigo versa que Bento XVI se acovardou diante dos desafios da Igreja, que sua renúncia foi um sinal de "derrotismo", "frouxidão", e que este sai "de cena mordido", incapaz de imitar a Cristo. Começa criticando o fato do papa ter renunciando em latim - não ficou claro qual seria a sugestão para se falar diante de cardeais do mundo inteiro que falam em comum, o latim - depois entra nos clichês sobre pedofilia e encerra de forma épica qualificando João Paulo II de misógino. Mas a idéia toda do artigo é a exploração do próprio título, sendo o conteúdo conseguinte apenas desculpa para se divulgar o rótulo e ridicularizar. Bento XVI, seria então arregão.

Quando Joseph Ratzinger fez exatos 75 anos, confessou num seminário em Roma que estava muito cansado e doente. Era diabético, hipertenso, já tinha sofrido AVC e pedido dispensa 3 vezes do seu cargo a João Paulo II, sendo as 3 vezes negada. Já usava marca-passo há algum tempo. Dois anos depois, quando João Paulo II morre e seu sonho de voltar para a Alemanha lecionar finalmente surge no horizonte, os cardeais votam em maioria pela eleição de Ratzinger. Ele poderia ter dito não. Além de todo o vasto campo de trabalho que o cargo de chefe de estado exige - precisando receber Presidentes, Primeiros-Ministros, Diplomatas, etc - Ratzinger ainda teria que zelar pelo rebanho de 1 bilhão de fiéis no mundo. Que empreendimento humano pede tanto a uma pessoa idosa, com saúde delicada? Nenhum. Como dito, ele poderia ter recusado. A história nos mostra no entanto, que ele disse sim.

Mas para Barbara Gancia, Bento XVI não passa de um arregão.

A Igreja Católica tem 4 mil bispos no mundo, sendo que como Papa, Bento XVI precisaria gastar tempo individualmente com cada um deles e periodicamente. Some a estes, outros 180 núncios apostólicos espalhados em quase todos os países. Como Papa, Bento XVI precisaria escrever cartas, encíclicas, constituições e exortações apostólicas, homilias, discursos, preparar catequeses e audiências semanais. Como Papa, Bento XVI precisaria viajar, e muito. Como Papa, Bento XVI precisaria governar o Estado do Vaticano e a Cúria Romana. Como Papa, Bento XVI precisaria rezar, e as vezes, até dormir. Como sabemos, ele disse sim para tudo isso.

Mas para Barbara Gancia, Bento XVI não passa de um arregão.

Em apenas oito anos e já com idade avançada e saúde frágil, Bento XVI fez pelo menos 28 viagens fora da Itália, sendo algumas delas extremamente pesadas. Em 2005, jovens do mundo todo foram escutar o Papa professor em Colônia. Em 2006 foi a vez de se encontrar com as famílias, em Valência. Em 2007 celebrou a canonização do nosso primeiro santo. Em 2008 visitou o "Ground Zero", em New York, e rezou pelas vítimas do terrorismo além de se encontrar com as vítimas dos injustificáveis abusos sexuais. Em 2009 rezou no muro das lamentações, na Terra Santa e nos anos seguintes ainda visitaria Portugal, Reino Unido, Chipre, Croácia, Madri, Alemanha, Benim, México, Cuba…até para o Líbano o Papa viajaria, no meio de tumultos, tiros, e convulsões civis…e em cada viagem, quilos de papéis com discursos, protocolos com autoridades locais, eclesiásticas, além das atividades espirituais próprias para com cada comunidade.

Mas como sabemos, para Barbara Gancia, Bento XVI não passa de um arregão.

De 2005 a 2012, Bento XVI nos deixou ao menos 279 cartas, 139 cartas apostólicas, 117 constituições apostólicas, 18 motu proprio, 4 exortações apostólicas, 3 encíclicas, 3 extensos livros narrando a sua biografia de Jesus Cristo, além de milhares (sim, milhares) de discursos e homilias. Os números são quase miraculosos, não fossem o rigor e a disciplina germânica que sempre marcaram a atividade de Joseph Ratzinger (doutor em 7 universidades), aquele mesmo que 8 anos antes já havia pedido 3 vezes por dispensa.

É, mas para Barbara Gancia, Bento XVI não passa de um arregão.

O código de direito canônico prevê a renúncia de todos os cargos eclesiásticos, inclusivo de um Papa. Não é um fato comum que um Papa renuncie, mas é um fato normal, ou seja, dentro da normalidade da Igreja. Bento XVI já havia emitido sua opinião em entrevista a Peter Seewald: se um Papa não consegue mais assumir os seus encargos, não apenas teria o direito de renunciar mas poderia até mesmo ter o dever de fazê-lo. O mesmo Seewald revelou nesse sábado, dia 16, que Bento XVI estava "esgotado há muito tempo", e que este ouvira do Papa um comovente "sou um homem idoso, as forças me abandonaram, acho que basta o que fiz até agora". Seewald ainda confidenciou que o último livro do Papa fora escrito "com suas últimas forças".

Bem, você já sabe o que a Barbara Gancia pensa de Bento XVI: arregão.

Nos dias seguintes a renúncia, autoridades do mundo todo vieram se manifestar em consideração a Bento XVI. O presidente da Itália disse que se tratava de um ato "de grande coragem e generosidade". Barack Obama disse que seu "apreço e orações" estavam com o papa. A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que aquela era uma "decisão difícil que deve ser respeitada". David Cameron, primeiro-ministro britânico, disse que Bento XVI foi um papa que fez todos se sentarem e pensarem e que "fará falta como um líder espiritual de milhões de pessoas". "Eu acredito que ele merece muito crédito para o avanço das relações inter-religiosas em todo o mundo e entre o judaísmo, o cristianismo e o islamismo”, afirmou o rabino chefe israelense, Yona Metzger.

Ao contrário dessas pessoas, Barbara Gancia considera Bento XVI um arregão.

Peço desculpas pela insistência em reafirmar a opinião da jornalista tantas vezes. Era apenas para deixar claro que Barbara Garcia teve uma grande chance de escrever com seriedade, com decoro e honestidade. Deixou de lado a ética e optou pelo deboche, pela injúria pura e simples. Neste artigo, Barbara desistiu de fazer jornalismo, ou em outras palavras, Barbara decidiu arregar.


Publicado no jornal Gazeta do Povo.


Silvio Medeiros, publicitário, foi vencedor por 4 quatro vezes do Festival de Cannes.

Fonte:http://www.midiasemmascara.org

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

[Retiro Espiritual] Sábado:O Paraíso



Algumas observações para o retiro espiritual:
Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus. 
Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.
Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.
No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 


O Paraíso

Quanto nos apavora o pensamento e a consideração do inferno, igualmente nos consola a lembrança do Paraíso, preparado por Deus para todos os que o amam e o servem durante esta vida. Para que possas fazer dele uma ideia, contempla uma noite serena. Como é belo contemplar o céu com aquela multidão e variedade de estrelas! Uns menores, outras maiores, outras estão prestes a desaparecer. Todas, porém com boa ordem e segundo a vontade do seu Criador. Acrescenta a isto a visão de um belo dia, mas de tal forma que o esplendor do sol não ofusque a claridade das estrelas e da lua. Supõe, além disto, ter a mão tudo o que de belo se encontrar no mar, na terra, nos povoados, nas cidades, nos paços dos reis e dos monarcas do mundo inteiro. Acrescenta a isto as bebidas mais delicadas, os alimentos mais saborosos, a música mais doce, a harmonia mais suave. Pois bem: tudo isto junto não é nada em comparação da excelência, dos bens, dos gozos do Paraíso. Oh! Como bem merece ser desejado e ardentemente amado aquele lugar onde se goza de todos os bens!O bem-aventurado não poderá deixar de exclamar: Estou saciado da glória do Senhor: Satiábor cum apparúerit glória tua.
Considera, além disso, o gozo que inundará a tua alma ao entrares no Paraíso. O encontro, o acolhimento dos amigos; a nobreza, a beleza dos Querubins, dos Serafins, de todos os Anjos e de todos os Santos, que aos milhões e milhões louvam o Criador; o Coro dos Apóstolos, a multidão imensa dos Mártires, dos Confessores, das Virgens. Há também um exército enorme de jovens que, por terem conservado a virtude da pureza, cantam a Deus um hino que ninguém mais pode entoar. Oh! Quanto gozam naquele reino os bem-aventurados!
Sempre mergulhados na alegria, sem a menor doença, sem desgostos e preocupações que perturbem a sua paz e o seu gozo.
Considera, além disso, meu filho, que todos os bens até aqui considerados são um nada em comparação do grande prazer que se experimenta na visão de Deus. Ele alegra os bem-aventurados com o seu olhar amorável e derrama no seu coração um mar de delícias. Da mesma forma que o sol ilumina e embeleza o mundo inteiro, assim Deus, com a sua presença ilumina todo o Paraíso e enche os seus afortunados habitadores de gozos inefáveis.Nele hás de ver, como em um espelho, todas as coisas, gozarás de todos os prazeres da mente e do coração.São Pedro no Monto Tabor, por ter visto uma só vez o rosto de Jesus radiante de luz, ficou repleto de tanta doçura que exclamou fora de si: Senhor, bom é para nós que fiquemos aqui:Dómine, bonum est nos hic esse.E lá teria ficado para sempre.Que prazer não será pois contemplar, não por um instante, mas para sempre, para sempre gozar desse rosto divino que enleva os Anjos e os santos e que aformoseia todo o Paraíso! E a beleza e amabilidade de Maria, de que prazer deve também encher o coração do bemaventurado! Oh! Sim! Quanto são amáveis os teus tabernáculos , ó Senhor! Quam dilécta tabernácula tua, Dómine virtútum! Por isso os coros dos anjos e dos bem-aventurados cantam a sua glória dizendo:
Santo, Santo, Santo é o Deus dos exércitos. A ele seja dada honra e glória por todos os séculos.
Coragem, pois, meu filho; neste mundo terão que sofrer alguma coisa, mas não importa: o prêmio que hás de receber no Céu compensará infinitamente todos os teus sofrimentos. Que consolação não será a tua, quando te encontrares no Céu na companhia dos parentes, dos amigos, dos Santos, dos Bem-aventurados e exclamares: Estou salvo e estarei sempre com Deus: Semper cum Dómino érimus.Então é que hás de abençoar a hora em que abandonaste o pecado, a hora em que fizeste aquela boa Confissão e começaste a frequentar os sacramentos, o dia em que deixaste os maus companheiros e te entregaste á virtude; e cheio de gratidão te volverás para o teu Deus e cantarás seus louvores e sua glória por todos os séculos.Assim seja.

Trecho do Livro: Jovem instruído, São João Bosco

Segue abaixo os links´dos outros dias :

[Retiro espiritual] Domingo - Fim do homem

[Retiro espiritual ] Segunda Feira - O Pecado Mortal

[Retiro espiritual] Terça-Feira: A morte

[Retiro espiritual] Quarta-feira: O Juízo

[Retiro espiritual] Quinta-feira: O Inferno

[Retiro espiritual] Sexta - feira: A Eternidade das Penas


[Retiro espiritual]Sexta - feira: A Eternidade das Penas




Algumas observações para o retiro espiritual:
Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus. 
Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.
Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.
No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 

A Eternidade das Penas
Considera meu filho, que si fores para o inferno, nunca mais dele sairás. Lá se sofrem todas as penas e todas eternamente. Passarão cem anos que caíste no inferno, passarão mil e o inferno estará ainda em seu começo; passarão cem mil, cem milhões, passarão milhões de séculos e o inferno terá apenas principiado. Se um anjo levasse aos condenados a notícia que Deus os quer libertar do inferno depois de passados tantos milhões de séculos quantas são as gotas de água do mar, as folhas das árvores e os grãos de areia da terra, esta noticia lhes causaria a maior satisfação. É verdade, diriam, que devem passar ainda tantos séculos, mas um dia hão de acabar. Pelo contrário, passarão todos estes séculos e todos os tempos que se possam imaginar e o inferno estará sempre no principio.Todos os condenados fariam de boa vontade com Deus o seguinte pacto: Senhor, aumentai quanto entenderdes este meu suplício; deixai-me nestes tormentos por quanto tempo quiserdes, contanto que me deis a esperança de que um dia hão de acabar.Mas nada; esta esperança, este termo nunca chegará.
Se ao menos o pobre condenado pudesse enganar-se a si mesmo e iludir-se dizendo: Quem sabe, um dia talvez terá Deus piedade de mim e me arrancará deste abismo!Mas não, nem isto: verá sempre escrita diante de si a sentença de sua eternidade infeliz. Pois então, irá ele dizendo, todas estas penas, este fogo, estes gritos, nunca mais acabarão para mim?Não, lhe será respondido, não, jamais. E durarão sempre?Sempre, por toda a eternidade. Sempre, verá escrito naquelas chamas que queimam: sempre, na ponta das espadas que o transpassam; sempre, naqueles demônios que o atormentam; sempre, naquelas portas eternamente fechadas para ele. Oh! Eternidade! Oh! Abismo sem fundo! Oh! Mar sem praias! Oh! Caverna sem saída! Quem não tremerá ao pensar em ti? Maldito pecado! Que tremendos suplícios preparas para quem te comete!Ah! Nunca mais, nunca mais pecarei durante a minha vida.
Mas o que deve encher de pavor é pensar que aquela horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés e que é suficiente um só pecado mortal para lá te fazer cair. Compreende bem, meu filho, o que estás lendo? Uma pena eterna por um só mortal que cometes com tanta facilidade. Uma blasfêmia, uma profanação dos dias santos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno, basta para seres condenado as penas do inferno. Oh! Meu filho escuta, pois o meu conselho: Si a consciência te acusa de algum pecado, vai depressa confessar-te para começar uma vida boa. Põe em prática todos os meios que te indicar o confessor.Se for necessário, faze uma confissão geral.Promete que hás de fugir das ocasiões perigosas, dos maus companheiros e se Deus te indicasse até que deves deixar o mundo, segue logo a sua voz.Tudo que se fizer para evitar uma eternidade de tormentos, é pouco, é nada: Nulla nímia secúritas, ubi periclitátur aetérnitas.(S. Bern.).Oh! Quantos na flor da idade abandonaram o mundo, a pátria, os parentes, foram viver isolados nas cavernas, nos desertos, alimentando-se somente de pão e água, e até às vezes só de raízes, e tudo isto para evitar o inferno! E tu que fazes, depois de tantas vezes que mereceste o inferno com o pecado, que fazes? Lança-te aos pés do teu Deus e dize-Lhe:
“Senhor, estou pronto a fazer o que Vós quiserdes; nunca mais hei de pecar em minha vida; já por demais vos tenho ofendido; mandai-me todos os sofrimentos que quiserdes durante esta vida, contanto que eu possa salvar a minha alma”.

Trecho do livro: Jovem instruído. São João Bosco.

Segue os links dos outros dias: 







quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

[Retiro espiritual] Quinta-feira: O Inferno




Algumas observações para o retiro espiritual:

Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus. 

Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.

Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.

No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 

O Inferno

O inferno é um lugar destinado pela justiça divina para punir com suplícios eternos os que morrem em pecado mortal. A primeira pena que os condenados sofrem no inferno, é a pena dos sentidos, que são atormentados por um fogo que queima horrivelmente, sem nunca diminuir de intensidade. Fogo nos olhos, fogo na boca, fogo em todas as partes. Cada sentido sofre a própria pena; os olhos sofrem pela fumaça e pelas trevas e são aterrados pela vista dos demônios e dos outros condenados.Os ouvidos, dia e noite só escutam contínuos uivos, prantos e blasfêmias.O olfato sofre enormemente pelo mal cheiro daquele enxofre e pez ardente que o sufoca.A boca é atormentada por sede devoradora e fome canina: At famem patiéntur ut canes.O mau rico no meio daqueles tormentos, ergueu o olhar ao céu e pediu, como grande graça, uma pequena gota de água para mitigar a aridez de sua língua e também essa gota de água lhe foi negada.Por isso aqueles infelizes, requeimados de sede, devorados pelas chamas, atormentados pelo fogo, choram, gritam e se desesperam.Oh! Inferno, inferno!Como são infelizes os que caem em teus abismos!.-E Tu que dizes meu filho?Se tivesses que morrer neste instante, para onde irias?Se agora não podes conservar um dedo sobre uma pequena chama de vela, se não podes aguentar nenhuma fagulha de fogo na mão sem gritar, como poderás aguentaste então entre aquelas chamas por toda a eternidade?

Considera, além disso, meu filho, o remorso que experimenta a consciência dos condenados. Eles padeceram o inferno na memória, na inteligência, na vontade.Recordaram continuamente o motivo da sua perdição, isto é, por terem querido secundar alguma paixão.Esta lembrança é o verme que nunca morre: Vermis eórum non móritur.Recordaram o tempo que Deus lhes deu para evitar a perdição, os bons exemplos dos companheiros, os propósitos feitos e não cumpridos.Pensarão nos sermões ouvidos, nos avisos do confessor, nas boas inspirações para deixar o pecado; vendo que já não há remédio, lançarão gritos desesperados.A vontade nada terá do que deseja e ao contrário padecerá todos os males.A inteligência conhecerá finalmente o grande bem que perdeu.A alma separada do corpo, ao apresentar-se no tribunal divino, entrevê a beleza de Deus, conhece toda a sua bondade, chega quase a contemplar por um instante o esplendor do paraíso, ouve talvez também os cantos armoniosíssimos dos anjos e dos santos.Que dor ver que tudo isso se perdeu para sempre!Que poderá resistir a tais tormentos?

Meu filho, tu que agora não se importas de perder o teu Deus e o paraíso, conhecerás a tua cegueira quando vires tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, triunfarem e gozarem no reino dos céus, ao passo que tu serás amaldiçoado por Deus e serás arrojado para longe daquela pátria feliz, do gozo do mesmo Deus, da companhia da Santíssima Virgem e dos santos. Eia pois, faze penitência, não esperes para quando não houver mais tempo, entrega te a Deus.Quem sabe se não é este o último chamado e, se não correspondes, quem sabe se Deus não te abandona e não te deixa cair naqueles eternos suplícios!Oh! meu Jesus, livrai-me do inferno: A poenis inférni, libera me, Dómine!

Trecho do livro O Jovem instruído, São João Bosco. 







quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

[Retiro espiritual] Quarta-feira: O Juízo



Algumas observações para o retiro espiritual:

Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus.

Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.

Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.

No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 



O Juízo


O Juízo é a sentença que o salvador há de pronunciar no fim de nossa vida, sentença com a qual fixará o destino de cada um por toda a eternidade. Apenas a alma tiver saído do corpo, comparecerá logo perante o supremo juiz. A primeira coisa que torna este comparecimento terrível á alma do pecador, é que a alma se encontrará sozinha na presença de um Deus desprezado, de um Deus que conhece todos os segredos do nosso coração, todos os nossos pensamentos. E que levaremos conosco?Levaremos aquele pouco de bem ou de mal que tivermos feito durante a vida: Ut réferat unusquísque própria corporis, prout gessit, sive bonum, sive malum.Não se pode então inventar nem escusa nem pretexto nenhum. Santo Agostinho, falando deste tremendo comparecimento, disse: “Quando tu, ó homem, compareceres diante do criador para ser julgado, terás sobre tua cabeça um juiz indignado; de um lado os pecados que te acusam; de outro os demônios prontos a executar a condenação; dentro de ti uma consciência que te agita e te atormenta; debaixo de ti um inferno aberto, pronto a tragar-te.Em tais apertos, para onde irás, para onde fugirás?”.Feliz de ti, ó meu filho, se tiveres feito o bem durante a tua vida.Entretanto o divino juiz abrirá os livros da consciência e começará o exame: Judícium sedit, et livre apérti sunt.

Então dirá aquele juiz inapelável: quem és tu? – Sou um Cristão, responderás. –Bem, replicará Ele; se és Cristão, vamos ver se procedeste como Cristão. Em seguida começará a recordar as promessas feitas no Santo Batismo, pelas quais renunciaste ao demônio, ao mundo, á carne; lembrar-te-á as graças que te concedeu as muitas vezes que recebeste os sacramentos, as pregações, as instruções, os avisos dos confessores, as correções dos pais: Tudo será posto diante de ti. –Mas tu, dirá então o divino juiz, apesar de tantos dons, de tantas graças, oh! Quão mal correspondestes a tua profissão de cristão!Mal chegando a idade em que apenas começavas a conhecer-Me, começaste a ofender-Me com mentiras, com faltas de respeito na igreja, com desobediências a teus pais e com muitas outras transgressões dos teus deveres. Ainda bem se com o ocorrer dos anos tivesses melhorado o teu procedimento; mas não: Justamente com a idade aumentou em ti, infelizmente, também o desprezo a minha lei. Missas perdidas, profanação dos dias santos, blasfêmias, jejuns não observados, confissões mal feitas, comunhões na morte termina o tempo da misericórdia. Recomendar-se-á aos anjos, aos santos, a Maria Santíssima; e Maria responderá por todos:
Agora e que pedes o meu auxílio?Não me quiseste por Mãe durante a vida e agora já não te quero por filho; já não te conheço.Então o pecador, não encontrando mais nenhum refúgio, bradará as montanhas, aos rochedos, que o cubram e eles não se moveram.

Invocará o inferno e vê-lo-á aberto: Inférius horréndum chaos. Esse é o momento em que o inexorável juiz proferirá a tremenda sentença: filho infiel, dirá, para longe de mim.Meu Pai celeste te amaldiçoou: Eu também te amaldiçoo.Vai para o fogo eterno a gemer e sofrer com os demônios por toda a eternidade: Discédite a me, maledíeti, in ignem aetérnum. Aquela alma infeliz, ante de afastar-se para sempre do seu Deus, volverá pela última vez o olhar ao Céu e no auge da desolação dirá: Adeus, companheiros, adeus, amigos que habitais o reino da glória; adeus, pai, mãe, irmãos, irmãs; vós gozareis para sempre e eu serei para sempre atormentado.Adeus, meu anjo da guarda, anjos e santos todos do paraíso: Não vos tornarei a ver jamais.Adeus, ó Salvador, adeus ó cruz santa, adeus, ó sangue em vão por mim derramado; não vos tornarei a ver jamais.Desde este momento eu não sou filho de Deus; serei para sempre escravos dos demônios no inferno.Então os demônios, que se tornaram senhores desta alma, arrastando-a e empurrando-a, a farão cair nos seu abismos de torturas, de misérias, de tormentos eternos. Meu filho não receia que tal sentença seja também a tua?Ah! Por amor de Jesus e de Maria, prepara com boas obras uma sentença favorável e lembra-te que como é terrível a sentença proferida contra o pecador, igualmente consolador será o convite que há de dirigir Jesus a quem vivem cristãmente. Vêm, dirá, vêm para posse da glória que te preparei. Tu me serviste com fidelidade no prevê tempo de tua vida; agora gozarás eternamente: Intra in gáudium Dómine tui.

Meu Jesus conceda-me a graça de poder ser também eu um desses bem-aventurados. Virgem santíssima ajudei-me; protegei-me na vida e na morte e especialmente quando me apresentar ao vosso Filho para ser julgado.

Trecho do livro Jovem instruído,  São João Bosco.

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

[Retiro espiritual] Terça-Feira: A morte




Algumas observações para o retiro espiritual:

Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus.

Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.

Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.

No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 

A morte

A morte é a separação da alma do corpo, como total abandono das coisas deste mundo.Considera portanto, meu filho, que a tua alma deverá separar-se do corpo; mas não sabes se a morte te assalta na tua cama, ou durante o trabalho, ou na rua, ou em outra parte.A ruptura de uma veia, um catarro, uma hemorragia, uma febre, uma chaga, uma queda, um terremoto, um raio, bastam para te tirar a vida.Isso pode acontecer daqui a um ano, daqui a um mês, a uma semana, a uma hora e talvez ao terminar a leitura desta consideração.Quantos se deitaram à noite cheios de saúde e de manhã foram encontrados mortos!Quantos acometidos de algum ataque morreram de repente!E depois para onde foram? Se estava na graça de Deus, felizes deles!Gozarão para sempre. Se, pelo contrário, se achavam em pecado mortal, estão para sempre perdidos. Dizei-me, filho, se tivesses que morrer neste instante, o que seria de tua alma?Ai de ti, se não te manténs sempre preparado!Quem não está hoje preparado para bem morrer, corre grande perigo de morrer mal.

Embora seja incerto o lugar e incerta a hora de tua morte, é porém muito certo que a morte há de vir.Quero esperar que a última hora de tua vida não venha repentinamente ou de modo violento, mas aos poucos e precedida de uma doença comum.Mas há de chegar um dia no qual, estendido numa cama, estarás prestes a passar a eternidade, assistido por um sacerdote que encomendará tua alma, tendo um crucifixo ao lado e uma vela acesa do outro, e derredor os aparentes que choram.Terás a cabeça dolorida, os embaçados, a língua ressequida, a garganta presa, a respiração ofegante, o sangue a arrefecer, o corpo consumido, o coração aflito. E logo que a alma expire, o teu corpo vestido de poucos andrajos será a apodrecer em uma cova. Ai os ratos e os vermes roeram todas as tuas carnes e de ti restaram apenas quatros ossos descarnados e um pó nauseabundo.Abri um sepulcro e vê a que ficou reduzido aquele jovem rico, aquele ambicioso, aquele soberbo.Lê com atenção estas linhas, meu filho, e lembra-te que elas se aplicam também a ti igualmente como a todos os demais homens.Agora o demônio,para induzir-te a pecar, procura arrancar-te deste pensamento e levar-te a escusar a tua culpa, dizendo-te não ser enfim tão grande mal aquele prazer, aquela desobediência, aquela omissão da missa nos domingos; mas na hora da morte descobrir-te-á a gravidade destes e de outros teus pecados, pondo-os diante de ti.E que haverás de fazer tu então, no ponto de te encaminhares para tua eternidade?Ai de quem, se achar em desgraça de Deus naquele momento!
Considera que do instante da morte depende a tua eterna salvação ou eterna perdição. Nas proximidades da morte, ao avizinhar se aquela ultima vez que se fecha a boca, a luz daquela vela, quantas coisas se hão de ver!Duas vezes temos diante de nós uma vela acesa:

Quando somos batizados e em ponto de morte; a primeira vez, para conhecermos os preceitos da lei divina que devemos guardar; A
Segunda, para que vejamos se os temos cumprido. Por isso, meu filho, a luz dessa vela as de ver se amas-te o teu Deus ou se o desprezaste; se honras-te o seu santo nome ou se O blasfemas-te; hás de ver os dias santos profanados, as missas deixadas, as desobediências aos superiores, os maus exemplos dados aos companheiros; verás aquela soberba, aquele orgulho que te lisonjeava; verás... Mas, oh! Deus!
Tudo verás naquele momento, no qual se abrirá diante de ti o caminho da eternidade: Moméntum a quo pendet aéternitas.Oh! Grande, oh! Terrível momento, do qual depende uma eternidade de glória ou de tormentos!Compreendes bem o que te digo?Quero dizer que daquele momento depende ir para o Céu ou para o inferno; ser para sempre feliz ou para sempre infeliz; para sempre filho de Deus ou para sempre escravo do demônio; para sempre gozar com os anjos com os santos no céu ou gemer e arder para sempre com os condenados no inferno!
Teme grandemente pela tua alma e pensa que do viver bem depende uma boa morte e uma eternidade de glória. Por isso, não difiras por mais tempo e prepara-te desde já para fazer uma boa confissão e dispor bem as coisas da tua consciência, prometendo a Nosso Senhor perdoar os teus inimigos, reparar os escândalos dados, santificar os dias de guarda, cumprir os deveres do teu estado.

E agora, põe-te na presença de teu Deus e dize-Lhe de coração:

Meu Deus, desde este momento eu me converto a Vós; amo-Vos, quero amar-Vos e servir-Vos até a morte. Virgem santíssima, minha Mãe, ajudai-me naquele terrível momento. Jesus, José e Maria, espirem em paz entre vós a minha alma.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Non prævalebunt!



Na manhã deste dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, fomos colhidos pela notícia espantosa de que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, renunciou ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.

Em discurso ao Consistório dos Cardeais reunidos diante dele, o Papa declarou que o faz "bem consciente da gravidade deste ato" e "com plena liberdade".

É evidente que a renúncia de um Papa é algo inaudito nos tempos modernos. A última renúncia foi de Gregório XII em 1415. A notícia nos deixa a todos perplexos e com um grande sentimento de perda. Mas este sentimento é um bom sinal. É sinal de que amamos o Papa, e, porque o amamos, estamos chocados com a sua decisão.

Diante da novidade do gesto, no entanto, já começam a surgir teorias fabulosas de que o Papa estaria renunciando por causa das dificuldades de seu pontificado ou que até mesmo estaria sofrendo pressões não se sabe de que espécie.

O fato, porém, é que, conhecendo a personalidade e o pensamento de Bento XVI, nada nos autoriza a arriscar esta hipótese. No seu livro Luz do mundo (p. 48-49), o Santo Padre já previa esta possibilidade da renúncia. Durante a entrevista, o Santo Padre falava com o jornalista Peter Seewald a respeito dos escândalos de pedofilia e as pressões:

Pergunta: Pensou, alguma vez, em pedir demissão?
Resposta: Quando o perigo é grande, não é possível escapar. Eis porque este, certamente, não é o momento de demitir-se. Precisamente em momentos como estes é que se faz necessário resistir e superar as situações difíceis. Este é o meu pensamento. É possível demitir-se em um momento de serenidade, ou quando simplesmente já não se aguenta. Não é possível, porém, fugir justamente no momento do perigo e dizer: "Que outro cuide disso!"

Pergunta: Por conseguinte, é imaginável uma situação na qual o senhor considere oportuno que o Papa se demita?
Resposta: Sim. Quando um Papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado, então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever – de pedir demissão. Ou seja, o próprio Papa reconhece que a renúncia diante de crises e pressões seria uma imoralidade. Seria a fuga do pastor e o abandono das ovelhas, como ele sabiamente nos exortava em sua homilia de início de ministério: "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos" (24/04/2005).

Se hoje o Papa renuncia, podemos deduzir destas suas palavras programáticas, é porque vê que seja um momento de serenidade, em que os vagalhões das grandes crises parecem ter dado uma trégua, ao menos temporária, à barca de Pedro.

Podemos também deduzir que o Santo Padre escolheu o timing mais oportuno para sua renúncia, considerando dois aspectos:

1. Ele está plenamente lúcido. Seria realmente bastante inquietante que a notícia da renúncia viesse num momento em que, por razões de senilidade ou por alguma outra circunstância, pudéssemos legitimamente duvidar que o Santo Padre não estivesse compos sui (dono de si).

2. Estamos no início da quaresma.] Com a quaresma a Igreja entra num grande retiro espiritual e não há momento mais oportuno para prepararmos um conclave através de nossas orações e sacrifícios espirituais. O novo Pontífice irá inaugurar seu ministério na proximidade da Páscoa do Senhor.

Por isto, apesar do grande sentimento de vazio e de perplexidade deste momento solene de nossa história, nada nos autoriza moralmente a duvidar do gesto do Santo Padre e nem deixar de depositar em Deus nossa confiança.

Peçamos com a Virgem de Lourdes que o Senhor, mais uma vez, derrame o dom do Espírito Santo sobre a sua Igreja e que o Colégio dos Cardeais escolha com sabedoria um novo Vigário de Cristo.
Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!"

Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. Ele nos pede a fé! Talvez seja este um dos maiores atos de fé aos quais seremos chamados, num ano que, providencialmente, foi dedicado pelo próprio Bento XVI à Fé.

Fé naquelas palavras ditas por Nosso Senhor a São Pedro e a seus sucessores: "As portas do inferno não prevalecerão!" (Mt 16, 18).
Estas palavras permanecem inabaláveis através dos séculos!

Autor: Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior

Fonte: http://padrepauloricardo.org


[Retiro espiritual ] Segunda Feira - O Pecado Mortal






Algumas observações para o retiro espiritual:

Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus.

Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.

Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.

No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 


O Pecado Mortal

Oh! Se soubesses, meu filho, o que fazes quando cometes um pecado mortal?Dás as costas aquele Deus que te criou e te cumulou de benefícios; desprezas a sua graça e a sua amizade.Quem peca diz com os fatos ao Senhor: “Apartai-vos de mim, já não quero obedecer Vos, não vos quero servir, não vos quero reconhecer por meu Senhor: Non sérviam.O meu Deus é aquele prazer, aquela vingança, aquele ódio, aquela conversação obscena, aquela blasfêmia”.Poder-se-á imaginar ingratidão mais monstruosa do que esta?Entretanto, meu filho, tudo isto fizeste quando ofendes-te ao teu Senhor.
Maior ainda se torna esta ingratidão, refletindo que, para pecar, serviste das mesmas coisas que Deus te deu. Ouvidos, olhos, boca, língua, mãos, pés, são todos dons de Deus e tu deles te serviste para ofendê-Lo! Ah! Ouve, pois o que te diz o Senhor: “Filho, eu te criei do nada; dei-te tudo o que agora tens, fiz-te nascer na verdadeira religião e receber o Santo Batismo. Podia deixar-te morrer quando estavas no pecado: conservei-te a vida para não te condenar ao inferno; e tu, esquecido de tantos benefícios, queres servir-te dos meus próprios dons para ofender-Me?”.Quem não se sentirá tomado de profundo pesar por ter feito tamanha injúria a um Deus tão bom, tão benfazejo para conosco, suas criaturas?
Deves ainda considerar que este Deus, embora seja bom e infinitamente misericordioso, todavia fica muito indignado quando o ofendes. Por isso, quanto mais tempo viveres no pecado, tanto mais vais provocando e acumulando a ira de Deus contra ti. Deves portanto recear muito que os teus pecados cheguem a tal número que Ele por fim te abandone.In plenitúdine peccatórum púniet. Não que isto aconteça por te faltar à misericórdia divina, mas é que te faltará o tempo para pedir perdão, pois que não merece a misericórdia de Deus quem abusa para ofendê-Lo. Com efeito, quantos viveram no pecado na esperança de converter-se e entretanto chegou a morte e faltou lhes o tempo para disporem os negócios da consciências e agora estão eternamente perdidos!Teme que não te venha acontecer a mesma coisa a ti.Depois de tantos pecados que Deus te perdoou, deves com razão recear que, com mais algum pecado mortal, a ira divina te fulmine e te precipite no inferno.Dê graças a Deus por ter-te esperado até agora e toma desde já uma firme resolução dizendo:
“Basta, meu Deus; o pouco de vida que ainda me resta não a quero desperdiçar em ofender-Vos; hei de empregá-la em vos amar e chorar os meus pecados. Arrependo-me de todo o coração. Meu Jesus; quero amar-Vos; dê-me força. Virgem santíssima, Mãe de meu Jesus, ajudai me. Assim seja”.

Fonte: Jovem instruído, São João Bosco.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

[Retiro espiritual] Domingo - Fim do homem




Algumas observações para o retiro espiritual:

Oração inicial: Invocar o Espírito Santo, para que esteja na presença de Deus. 

Depois reze: "Meu Deus, arrependo-me de todo o coração de vos ter ofendido; concedei-me a graça de compreender bem as verdades que vou meditar e abrasai-me no vosso amor. Santíssima vigem Maria, Mãe de Jesus, meu anjo da Guarda e todos os santos de céu, rogai por mim”.

Leia o texto e nas partes que chamar mais sua atenção, pare e reflita sobre o trecho. Se possível leia mais de uma vez durante o dia.

No final Reze: Um Pai Nosso, Ave Maria e o Credo. 


Fim do homem

Considera meu filho, que este teu corpo, esta tua alma te foram dados por Deus, sem nenhum merecimento de tua parte, quanto te criou á sua imagem. Ele te fez seu filho no Santo Batismo; amou-te e ama-te ainda com ternura de pai e criou-te para este único fim: para que o ames e o sirvas nesta vida e possas assim ser um dia eternamente feliz com Ele no Céu. Não estás  portanto no mundo somente para gozar, nem para enriquecer, nem para comer, beber e dormir, como os animais; o teu fim é muitíssimo mais nobre e mais sublime; o teu fim é amar e servir ao teu Deus e salvar a tua alma.Se assim fizeres, quantas consolações, experimentarás na hora da morte! Mas se não procurares servir a Deus, quantos remorsos terás no fim da vida! As riquezas, os prazeres que buscaste com tanto empenho, somente te servirão para amargurar o teu coração e então conhecerá o mal que tais coisas fizeram á tua alma.
 Meu filho, não queiras de modo algum ser do número daqueles que pensam somente em satisfazer o corpo com atos, conversas e divertimentos maus.Naquela hora extrema, esses se encontrarão em grande perigo de se condenarem eternamente.Um secretário do rei da Inglaterra expirava dizendo: “Ai de mim! Gastei tanto papel em escrever as cartas do meu príncipe e não usei uma folha para tomar nota dos meus pecados e fazer uma boa confissão!”.
Torna-se ainda maior aos teus olhos a importância deste fim, se consideras que dele depende a tua salvação ou a tua perdição.Se salvas a alma, tudo estará bem e gozarás para sempre; mas se não alcançares isto, perderás alma e corpo, Deus e Paraíso e serás condenado para sempre.Não imiteis aqueles infelizes que se iludem dizendo: “Cometerei este pecado, mas depois me confessarei”.Não te enganes a ti mesmo desta forma: Deus amaldiçoa a quem peca na esperança do perdão: Maledictus homo qui peccat in spe. Lembra-te que todos os que estão no inferno tinham esperança de emendar-se mais tarde e, no entanto se perderam eternamente. Quem sabe se depois terás tempo para confessar-te? Quem te garante que não hajas de morrer logo depois do pecado e que a tua alma não seja precipitada no inferno? Além disso, que grande loucura não seria ferir-te a ti mesmo na esperança de que o médico te venha depois curar a ferida?
Afasta, pois a enganadora ideia de poderes entrega-te a Deus mais tarde; neste mesmo momento detesta e abandona o pecado, que é o maior de todos s males e que, afastando-te de teu fim, te priva de todos os bens.
Quero ainda indicar á tua consideração um laço terrível com que o demônio prende e arrasta á perdição tantos cristãos: é deixar que aprendam as coisas da religião, mas não as pratiquem.Eles sabem que foram criados por Deus par amá-Lo e servi-Lo e entretanto, com suas obras, parece que buscam somente a própria ruína.Quantas pessoas não vemos nós neste mundo que em tudo pensam menos em salvar-se? Se digo a um jovem que frequente os Sacramentos que faça um pouco de oração, responde-me: “Tenho mais que fazer; preciso trabalhar, preciso divertir me”.

Ó infeliz! E acaso não tens uma alma para salvar?

Por isso, tu, ó jovem cristão, que lês esta consideração, vê lá, não te deixes enganar desta maneira pelo demônio; promete a Deus que tudo o que fizeres ou disseres e pensares no futuro será para o bem da tua alma; porque seria a maior loucura ocupar-te com tanto empenho no que acaba tão depressa e pensar tão pouco na eternidade, que nunca há de acabar.São Luis podia ter prazeres, riquezas e honras, mas renunciou a tudo dizendo: “Que me serve tudo isto para a minha eternidade?” – “Quid haec ad aeternitátem?”.Conclui também tu da mesma maneira: “Tenho uma alma; se a perco, perco tudo.Que me vale ganhar o mundo inteiro, se isto for com prejuízo de minha alma? Quid enim pródest hómini, si mundum univérsum lucrétur, ánimae vero suae detriméntum patiátur?”. De que me serve vir a ser um grande homem, um ricaço, adquirir fama de sábio tornando-me conhecedor de todas as artes e ciências deste mundo, se depois vier a perder a minha alma?.De nada te serviria toda a sabedoria de Salomão, se vieres a perder-te.
Dize, pois assim: “Fui criado por Deus para salvar a minha alma e a quero salvar a todo o custo; quero que no futuro o único fim das minhas ações seja amar a Deus e salvar a minha alma. Trata-se de ser ou para sempre feliz ou para sempre infeliz. Perca-se tudo contanto que me salve! Meu Deus conceda-me o perdão dos meus pecados e fazei que não caia jamais na desgraça de ofender-vos. Ajudai-me com a vossa santa graça para que possa fielmente amar-Vos e servir servir-
Vos fielmente no futuro.

 Maria, minha esperança, intercedei por mim.

Trecho do livro O Jovem intruido, São João Bosco.  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Carnaval: dois caminhos, uma escolha.



Nos dias 9 a 13 de Fevereiro, estará acontecendo o segundo retiro do movimento de Treinamento de Liderança Cristã da diocese de Penedo. É um momento único, no qual uma juventude que assumiu o compromisso de ser Cristo no curso que fez, põe em prática sua promessa. Salvo alguns casos que por motivos maiores não poderão ir, e um dos casos, infelizmente, é o meu, pois estarei em constante atividade com amigos da faculdade para iniciar meu TCC e terminar outros trabalhos para concluir meu curso, como tem outros que por motivos familiares, trabalho, etc, não poderão estar no retiro. Se você meu caro jovem não estiver entre esses, reflita seu caminho e siga a cruz de Cristo.  Segue abaixo um texto, muito bom, escrito pelo padre Alir Sanagiotto, da Paróquia Bom Jesus da Penha-RJ.


Como passar o carnaval? Pra onde ir, onde ficar, o que fazer?

Normalmente, dois grupos tomam caminhos bem opostos.

       O primeiro dá razão à carne e cai na folia, aproveita para passear, assiste aos desfiles, come, bebe, diverte-se segundo os desejos próprios da carne.

       Outro grupo costuma tomar um rumo bem oposto: deixa tudo e retira-se para encontros e retiros espirituais. Participa de retiros abertos ou fechados, assiste ou ouve as pregações de retiros pelo rádio ou TV. De sexta a quarta-feira de cinzas dedica-se a estar com o Senhor: ouvindo a sua Palavra, louvando e adorando-O. Para este, aplica-se e torna-se realidade esta palavra de Neemias: “não haja tristeza, porque a alegria do Senhor será a vossa força”. (Ne 8,10).

       Trata-se, porém, de uma festa e alegria bem diferente daquela que o mundo oferece. Nos retiros espirituais não há preocupação com droga, camisinha ou contaminação com doenças. O único contágio que geralmente acontece com este grupo é o da alegria. Uma alegria que só o Senhor Deus pode oferecer.

       Há dois caminhos totalmente opostos. Mas, você pode escolher apenas um deles. Jesus lembrou: “não podeis servir a dois senhores” (Mt 6, 24). Uma escolha que cada um de nós deverá fazer, sabendo que: ” os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que queríeis”. (Gl 5,17). Cada caminho leva a um destino e final diferente. Por isso Jesus nos preveniu: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram”. (Mt 7,13-14))

       E quanto a você? Qual dos dois caminhos escolherá? Há outros alternativos, mas estes dois são os mais marcantes no carnaval.

       Jesus falou e nos alertou sobre as festas que o mundo oferece: um dia elas seriam parecidas com o que já aconteceu na face da Terra, nos tempos de Noé: “Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem. Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos”. (Lc 17, 26 - 27)

       É importante que estejamos bem atentos e procuremos fazer como Maria “que escolheu a melhor parte” (Lc 10, 42): ficou aos pés de Jesus.

       O efeito de cada uma das escolhas aparecerá claramente na quarta-feira de cinzas. Todos podem até estar cansados. Mas, o estado de ânimo será bem diferente. Enquanto uns estarão curtindo a ressaca e o vazio, outros estarão com o coração exultante da alegria do Senhor.

        Sejamos espertos: escolhamos a melhor parte, como Jesus mesmo afirmou: “Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”. (Lc 10, 42). Bom retiro!

Fonte: http://www.comshalom.org