sábado, 21 de abril de 2012

Responsáveis pela nossa vida




Para que vivo eu?
Enquanto não tivermos uma resposta a esta pergunta, uma resposta que nos mostre o significado da nossa existência - a nossa razão de viver, de amar, de lutar, de trabalhar… -, não seremos um autêntico ser humano. Seremos um bicho mais ou menos pensante que circula, come, bebe, dorme, faz sexo, fuça, desfruta, enjoa, se ilude, se desilude, trabalha, briga, se deprime, vai ao psiquiatra, não sabe o que lhe acontece, envelhece e morre.
Faz já alguns anos, uma crônica jornalística reproduzia a resposta de uma mocinha carioca à pergunta sobre o que achava dos bandos de vândalos e pixadores que danificam instalações públicas: - «Para mim - dizia ela -, as pessoas não sabem mais o que fazer das suas vidas». Sem grandes filosofias, essa menina lembrava que nós é que temos de “fazer a nossa vida”, que é preciso “fazer algo com ela”, e que não faremos nada de válido se não “soubermos o que fazer”. Justamente por termos uma inteligência e uma vontade livre, somos os responsáveis pela nossa vida. Que fazemos dela? Que faremos dela?
Essa filósofa-mirim trouxe-me à memória outra menina e outra reportagem de jornal. No caso, uma reportagem bem triste. Em São Paulo, há vários anos, uma estudante de dezesseis anos despencou - ou se jogou? - da janela de um dos últimos andares de um prédio de apartamentos, onde uma turma de colegas consumia drogas. Morreu na hora. Entre os seus papéis, acharam-se rabiscos de umas confissões íntimas.  Desse texto, baste uma amostra: «Vou ver se aqui eu consigo dizer tudo o que sempre quis dizer. Em primeiro lugar, eu queria viver. Mas eu vivo, o problema não é esse. O problema é ter que viver para quê? Ou para quem? Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente».
A pobre mocinha não tinha descoberto ainda para que vivia, e por isso se achava perdida, sem sentido e sem rumo. Isso faz pensar que, mesmo na sua trágica desorientação, tinha uma intuição profunda do sentido humano da vida. Reparemos que ela não colocava a sua realização em possuir bens, em enriquecer, gozar dos prazeres da vida (como seria de esperar, mexendo-se num ambiente consumista e hedonista), mas numa “razão de viver”, que não conseguia achar: «Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente». Só por isso era humana: porque sentia a sede de sentido, sem a qual tudo acaba em absurdo e frustração. 
Eu sou fiel a mim mesmo? 
À vista desses dois episódios, tornam-se incisivas estas perguntas: - Podemos dizer que estamos configurando, orientando a nossa vida de acordo com um ideal que a cumule de sentido, ou pelo menos que lutamos para chegar a isso? Esse ideal move-nos de maneira a vencermos a preguiça, a pressão do ambiente, os impulsos meramente instintivos, a inércia e a moleza, que apagam qualquer ideal? 
Estejamos certos de que só vivendo assim - à procura de um ideal que nos encha de sentido - poderemos dizer que somos fiéis a nós mesmos, à grandeza do que nós somos, às  exigências profundas da nossa dignidade de pessoas humanas; em suma, poderemos dizer que somos autênticos seres humanos. 
Talvez nos mostre uma pista, para começarmos essa procura, um comentário do protagonista do romance Life after God (”A vida depois de Deus”, deste Deus que “nós matamos”), do americano Douglas Coupland. 
O escritor se autodefine como membro da «primeira geração americana educada sem religião», e retrata a falta de sentido e o tédio acumulado de muitos dos seus companheiros, criados no vácuo do prazer sem Deus (drogas, álcool, sexo-carne, ausência de compromissos). 
No final do romance, o protagonista faz chegar uma mensagem à namorada, que é como que o grito do vazio: 
«Pois bem… eis o meu segredo. Digo-o com uma franqueza que duvido voltar a ter outra vez; de maneira que rezo para que você esteja num quarto tranqüilo quando ouvir estas palavras. O meu segredo é que preciso de Deus; que estou farto e que já não posso continuar sozinho. Preciso de Deus para que me ajude a dar, pois me parece que já não sou capaz de dar; para que me ajude a ser generoso, pois me parece que desconheço a generosidade; para que me ajude a amar, pois me parece que perdi a capacidade de amar…». 
Não vale a pena pensarmos a sério nessas coisas todas? 
(adaptação de um trecho do livro de F. Faus: Autenticidade & Cia)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Como se vestir para ir à Santa Missa?





Por: Francisco Dockhorn

Muitos hoje se perguntam qual é a melhor forma de se vestirem para participar do Santo Sacrifício da Missa. Alguns procuram responder a estes afirmando que "tanto faz, pois o que importa é o coração". Mas o que dizem os documentos oficiais da nossa Santa Mãe Igreja à respeito disso? O Catecismo da Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: "A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria

deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede."

Para compreender o porquê o Catecismo afirma isto à respeito das vestes, é importante compreender o que é a Santa Missa: ela é a renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pagou pelos nossos pecados na cruz. Tal Sacrifício se torna presente na Santa Missa no momento em que o pão e vinho tornam-se verdadeiramente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1381). O Santo Sacrifício da Missa é incruento (ou seja, sem sofrimento nem derramamento de sangue), ou seja, é o mesmo e único Sacrifício do Calvário, tornando-se verdadeiramente presente na Santa Missa para que possamos receber os seus frutos e nos alimentar da Carne e do Sangue de Nosso Senhor. Por isso o Sagrado Magistério nos ensina que "o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício." (Catecismo da Igreja Católica, 1367)

É preciso evitar, então, primeiramente as roupas que expõe o corpo de forma escandalosa, como decotes profundos, shorts curtos ou blusas que mostrem a barriga. Mas convém que se evite também tudo o que contraria, como afirma o Catecismo, a alegria, a solenidade e o respeito - isto é, banaliza o momento sagrado.

O bom senso nos mostra, por exemplo, que partindo do princípio da solenidade, é melhor que se use uma calça do que uma bermuda. Ora, na nossa cultura, não se vai a um encontro social solene usando uma bermuda!

O bom senso nos mostra também que, partindo do princípio do respeito e da não-banalização do sagrado, é melhor que se evite roupas que chamam atenção para o corpo ou para elementos não relacionados com a Sagrada Liturgia. É melhor que uma mulher, por exemplo, utilize uma blusa com mangas do que uma blusa de alcinha; é melhor que utilize uma calça discreta, saia ou vestido do que uma calça estilo "mulher-gato" (isto é, apertadíssima); também é melhor que se utilize, por exemplo, uma camisa ou camiseta discreta do que uma camiseta do Internacional ou do Grêmio.

A questão se reveste de uma seriedade ainda maior quando se trata daqueles que exercem funções litúrgicas, tais como os leitores e músicos. Pois estes, além de normalmente estarem mais expostos ao público que os demais, acabam por serem também modelos.

É de acordo com este senso que até a pouco tempo atrás era comum se utilizar a expressão popular "roupa de Missa" ou "roupa de Domingo" como sinônimo da melhor roupa que se tinha. Quanto bem faria aos católicos se esta expressão fosse restaurada!

Quanto aos que afirmam que "o que importa é o coração", vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, incenso, gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica à respeito que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro.

A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: "De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo." (Mane Nobiscum Domine, 18)

Concluímos com as palavras de São Josemaria Escrivá em uma de suas fantásticas homilias, recordando seus tempos de infância: "Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor." Afirma ainda: "Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?" (Homilias sobre a Eucaristia, Ed. Quadrante)

sábado, 14 de abril de 2012

A Lei do Aborto de Anencéfalos não é Lei



Por Carlos Nougué

Seguindo a Santo Agostinho, diz Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica que uma “lei” iníqua não é lei.
Ora, a “lei” do aborto de anencéfalos que acaba de ser aprovada pelo STF é iníqua. Vai contra a Lei Natural, que é uma impressão em nós da Lei Eterna e cujo fundamento supremo é: deve-se fazer o bem e não praticar o mal. Mas abortar qualquer feto, com má formação cerebral ou sem ela, pela razão, enfim, que for, é praticar o pior dos males que só podem ser cometidos por entes como nós: o assassinato. Sim, porque ao contrário do que dizem as perversas palavras do Ministro Marco Aurélio Garcia – segundo o qual “fetos anencéfalos não têm vida” – eles não só têm vida enquanto lhes seguir batendo o coração, e não só têm vida porque têm alma, mas têm vida superior porque são dotados de alma espiritual, infundida por Deus mesmo no momento de sua concepção.

Se assim é, se tal monstruosa “lei”, por iníqua e tão iníqua, nem sequer é lei, por isso mesmo não deve ser acatada de modo algum, nem pelas mães que tragam um anencéfalo no ventre, nem por nenhum médico – por ninguém. Acatá-la pelo simples fato de que é “legal” é esquecer que, sendo ela não só iníqua mas a tal ponto iníqua, fazê-lo é ir gravemente contra a Lei Natural, é ir gravemente contra a Lei Eterna, é ir gravemente contra a Verdade e a Bondade, é ir gravemente contra Deus mesmo. Quem o fizer, far-se-á tão iníquo quanto tal “lei”, porque, como sempre se disse em sã moral, uma lei ou uma ordem de superior que sejam contrárias à justiça – e sobretudo se muito contrárias – não eximem de responsabilidade culpável o cidadão ou o inferior que as cumpram.
Que esta decisão perversa do STF sirva ao menos para mostrar especialmente aos católicos que as forças liberais ou esquerdistas que hoje mandam no mundo e em nosso país não estão aí senão para servir ao Iníquo – e que especialmente às suas leis e ordens que firam os primeiros princípios da Lei Natural não podemos responder senão com o nosso mais firme não. 

Em tempo: Curiosamente, a mesma sociedade que legaliza o assassinato de fetos humanos pune a quem, por exemplo, destruir ovos de tartarugas em risco de extinção. Como qualificar tal sociedade senão de doente, de estúpida, de perversa?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

12. Conselhos para conseguir a paz




1. Santa Maria é (e assim a invoca a Igreja) a Rainha da paz. Por isso, quando se agitar a tua alma, ou o ambiente familiar ou profissional, a convivência na sociedade ou entre os povos, não cesses de aclamá-la com esse título: "Regina pacis, ora pro nobis!", Rainha da paz, roga por nós! Experimentaste-o alguma vez, quando perdeste a tranquilidade?... Surpreender-te-ás com a sua imediata eficácia. Sulco, 874
2. Fomenta, na tua alma e no teu coração - na tua inteligência e no teu querer – o espírito de confiança e de abandono na amorosa Vontade do Pai celeste. Daí nasce a paz interior por que anseias. Sulco, 850
3. Um remédio contra essas tuas inquietações: ter paciência, retidão de intenção e olhar as coisas com perspectiva sobrenatural. Sulco, 853
4. Afasta imediatamente de ti (pois se Deus está contigo!) o temor e a perturbação de espírito. Evita de raiz essas reacções, pois só servem para multiplicar as tentações e aumentar o perigo. Sulco, 854
5. Ainda que tudo se vá abaixo e se acabe; ainda que os acontecimentos se sucedam ao contrário do previsto, com tremenda adversidade; nada se ganha perturbando-se. Além disso, recorda a oração confiante do profeta: "O Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei; Ele é quem nos há-de salvar". Reza-a devotamente, todos os dias, para acomodar a tua conduta aos desígnios da Providência, que nos governa para nosso bem. Sulco, 855
6. Se, por teres o olhar fixo em Deus, souberes manter-te sereno no meio das preocupações; se aprenderes a esquecer das ninharias, os rancores e as invejas; pouparás muitas energias, que te fazem falta para trabalhar com eficácia, em serviço dos homens. Sulco, 856
7. Quando realmente te abandonares no Senhor, aprenderás a contentar-te com o que suceder, e a não perder a serenidade, se as tarefas - apesar de teres posto todo o teu empenho e empregado os meios convenientes - não saem a teu gosto... Porque terão "saído" como convém a Deus que saiam. Sulco, 860
8. Quando se está às escuras, com a alma cega e inquieta, havemos de recorrer, como Bartimeu, à Luz. Repete, grita, insiste com mais força: - "Domine, ut videam!", Senhor, que eu veja!... E far-se-á dia para os teus olhos, e poderás desfrutar da intensa luz que Ele te concederá. Sulco, 862
9. Luta contra as asperezas do teu caráter, contra os teus egoísmos, contra o teu comodismo, contra as tuas antipatias... Além de que temos de ser corredentores, o premio que receberás (pensa bem nisso!) estará em relação diretíssima com a sementeira que tiveres feito. Sulco, 863
10.  Tarefa do cristão: afogar o mal em abundância de bem. Nada de fazer campanhas negativas, nem de ser anti-nada. Pelo contrário: viver de afirmação, cheios de otimismo, com juventude, alegria e paz; olhar para todos com compreensão: os que seguem Cristo e os que O abandonam ou não O conhecem. Compreensão, porém, não significa abstencionismo, nem indiferença, mas atividade. Sulco, 864
11. Por caridade cristã e por elegância humana, deves esforçar-te por não criar um abismo com ninguém; por deixar sempre uma saída ao próximo, para que não se afaste ainda mais da Verdade. Sulco, 865
12. Paradoxo: desde que me decidi a seguir o conselho do salmo - "Lança sobre o Senhor as tuas preocupações, e Ele te sustentará", cada dia tenho menos preocupações na cabeça... E ao mesmo tempo, com o devido trabalho, resolve-se tudo com mais clareza! Sulco, 873

Trechos tirado do livro Sulco, São Josemaria Escrivá.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sermão das Sete Palavras





1. "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem"

No auge do sofrimento, Cristo não perde a dimensão da fragilidade do ser humano e implora o perdão pra nossas culpas. Seu sangue derramado na cruz nos torna limpos para voltar à casa paterna. Mas somos também capazes de perdoar a nós mesmos e aos outros? Quando oramos: "Perdoai-nos, assim como perdoamos", sabemos o que pedimos? Aceitamo-nos incondicionalmente como somos e nos respeitamos? Quem não perdoa a si mesmo não perdoa a ninguém mais. Quem não se aceita não aceita aos outros. Pois para isso é necessário que se reconheça as próprias dificuldades e limitações, esforçando-se para se corrigir. E, dessa mesma forma, agir sempre com os outros.

Como interceder perdão aos que lhe provocaram tanto sofrimento?! Como perdoar depois de tanta angústia moral? Como perdoar depois de tanta agonia física? Depois de tanta fome e sede? Mas a Primeira Palavra da Cruz era maior que todo o sofrimento, que toda a asfixia… “Pai, perdoa-lhes…” Esta é a primeira das sete últimas palavras que Jesus proferiu na cruz do Calvário.

Eis um dos maiores desafios da Vida Cristã: o perdão. O ser humano diviniza-se quando perdoa. Supera suas limitações terrenas. Seu espírito se eleva para se capacitar ao perdão. Eis porque é quase impossível ao ser humano perdoar. Não é da sua natureza. É difícil e para muitos até impossível. O rancor é maior que o perdão. A natureza humana do Velho Homem é mais forte que a natureza divina do Novo Homem, como regra.

Ama, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, sem nada esperardes, será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6:27-29).

2. "Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso".

Sentindo dores, o homem crucificado ao lado de Jesus não o insultou como os demais. Ao contrário, pediu e recebeu o seu perdão incondicional e imediato. Cristo não lhe prometeu o paraíso para depois. Tampouco lhe falou de novas vidas ou de reencarnações. "Hoje mesmo" - afirmou Jesus! E quantos de nós desacreditamos nessa misericórdia divina, acreditando que somente nosso esforço, nesta e em outras vidas, nos tornará dignos de voltar ao Pai.

“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43). Olhemos neste momento para a montanha solitária onde estão cravadas três cruzes. Jesus está no meio. Ao Seu lado, dois malfeitores. Aqui está o primeiro passo que precisamos dar se queremos resolver nossos problemas: reconhecer nossa situação, reconhecer que nosso problema não é apenas físico, mas viver separados de Deus. Reconheçamos que o nosso verdadeiro problema é não ter dado a Jesus o primeiro lugar na nossa vida.

Grande lição para a Igreja de hoje. Nossa mensagem não pode ser outra. Temos que falar do Céu. Temos que falar do Inferno. Temos que falar da Salvação e da Perdição. A realidade de nosso destino eterno deve ser nossa primeira preocupação.

Jesus, na cruz pregou Seu último sermão e teve dois ouvintes. Um deles buscou a Jesus apenas por motivos egoístas e não conseguiu ver a dimensão da bênção espiritual. Fechou seu coração e morreu sem esperança.

O outro também queria ser liberto da cruz, mas isso era o menos. Ele viu a sua situação miserável de pecador. Ele clamou por perdão. Pediu salvação. Jesus não o tirou da cruz, não o libertou da morte. O malfeitor morreu, mas morreu com esperança. E no Reino dos Céus um dia nós poderemos contemplar e conversar com este homem transformado.

Ao longo da história humana sempre houve estes dois tipos de pessoas. Aqueles que dizem “sim” e aqueles que dizem “não”. Aqueles que conseguem ver o verdadeiro Reino de Deus e aqueles que simplesmente estão pensando em resolver os seus problemas imediatamente e não conseguem ver a vida futura. Em que lugar nos encontramos? Quais são as nossas motivações?

3. "Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!"

Apesar de todas as nossas infidelidades, ele não nos deixou órfãos: deu a sua própria mãe como nossa mãe. Mas seremos dignos de ser filhos daquela que disse o sim, totalmente incondicional, quando convidada a ser parte essencial do plano de Deus para nos salvar? Seremos nós também capazes de dar esse sim incondicional e, em cada atividade, testemunhar o Evangelho sem timidez? Não fomos feitos filhos adotivos de Maria e, por conseqüência, irmãos de Jesus Cristo, apenas para nos vangloriarmos de ser cristãos, sacerdotes ou ministros extraordinários da Igreja. Somente tomando consciência disso, ouviremos de Jesus: "Filho, eis aí tua mãe!

A terceira palavra de Jesus na cruz revela que a vida cristã não é somente ir à Igreja, ler a Bíblia, fazer oração. Vida cristã é também o cumprimento fiel dos deveres desta vida com nossa família e com a sociedade. Jesus, suspenso na cruz, pensou nos outros. Cristo cumpriu Seu papel de Filho neste mundo. Ele não se foi embora sem assegurar o futuro de Sua mãe. Ele não morreu sem antes ter a certeza de que alguém iria substituí-Lo nas Suas responsabilidades de filho. Todos tinham abandonado o Senhor. Seus discípulos tinham-se ido embora. A multidão zombava d’Ele. Os soldados riam da Sua situação. Os sacerdotes O acusavam, mas a mãe permanecia perto: “E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena” (João 19:25-30). Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem Ele mais amava estava presente, disse a sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe”. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.


4. "Tenho Sede!"

Jesus teve sede mas, ao invés de água, deram-lhe vinagre. Também para nós Jesus vive a dizer: "Tenho sede! Tenho sede de homens e mulheres, adultos e jovens, que caminhem comigo. Que não tenham medo de correr riscos, que não se apeguem a títulos, cargos e aos bens transitórios deste mundo. Que estejam dispostos a levar a boa nova a todas as criaturas. Tenho sede de justiça e de trabalho para todos, pois afinal meu Pai não criou o mundo só para alguns, mas indistintamente para todos. Tenho sede de pessoas que não aceitem o erro, porque é muito difícil combatê-lo. Tenho sede de ver a humanidade inteira totalmente feliz! Saciem pois essa minha sede, e a minha redenção pela cruz estará plenamente realizada!"

5. "Eli, Eli, lema sabachtani? - Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?"

Teria Deus abandonando seu Filho na cruz? Certamente que não. Contudo, a natureza humana de Jesus sofria tanto que ele sentiu falta do carinho de seu e nosso Pai. Quantas vezes nós também gritamos a mesma coisa, porém sem qualquer convicção de que Deus nos escuta. Quantas vezes passamos meses e anos esquecidos de Deus, nunca nos lembrando de conversar com ele, agradecendo tudo o que dele recebemos. Mas, quando nos sobrevém qualquer sofrimento e a dor nos atinge, gritamos revoltados: "Por que nos abandonastes?" Mas não é ele quem nos abandona: nós é que o abandonamos. E, de repente, queremos atribuir a ele todos os sofrimentos que nós mesmos criamos, para nós e para os outros. Fazemos de nossa relação com Deus uma transação comercial: "Eu lhe dou esmolas e orações apressadas, em compensação quero receber tudo aquilo que penso ter direito. E, se não recebo o que quero protesto: "Por que me abandonaste?"

6. "Tudo está consumado!"

Jesus Cristo olha, do alto da cruz, o novo mundo que começa: a humanidade recebe, em letras de lágrimas, suor e sangue, e sua quitação por todas as dívidas assumidas. Mas estará tudo consumado para cada um de nós em particular? Será que nada mais tenho a fazer? Posso me esquecer de Cristo não permanece morto, que ele ressuscitou e está presente em cada ser humano?
Posso entrar num aposentadoria espiritual, nada mais fazendo porque Cristo já fez tudo por nós? Jesus consumou sua obra redentora na cruz. Mas foi exatamente ali que começou a nossa obra pessoal, como redimidos e discípulos de Cristo. Tudo estará consumado quando conseguirmos expulsar deste mundo o egoísmo, a ambição, o desamor, a miséria e a falta de oportunidade para todos.

7. "Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!"

Chega ao final a agonia da cruz, Cristo entrega-se totalmente nas mãos do Pai. Um dia, ao entregarmos também nossos espírito nas mãos do Pai, com certeza ele não nos perguntará pelas grandes obras que fizemos, mas pelas pequeninas coisas que deixamos de fazer. Voltar ao Calvário é redirecionar nossa vida. É tomar a decisão corajosa de entregar ao Pai não somente nosso espírito, mas nossas mãos, nosso coração, nossa mente e toda a nossa vida. Com certeza, ele já está de braços abertos a nossa espera. Como o pai do filho pródigo. Basta que nos lancemos neles, com total amor e confiança.

Fonte: Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja