quarta-feira, 26 de junho de 2013

Sem João, com Cristo?



Dentre os 17 santos com esse nome, João Batista foi escolhido para ser venerado no dia 24 de junho. É um dos santos mais conhecidos e festejados da Igreja Católica. Conhecido em alguns países como “São João Evangelista” ou simplesmente “São João.” Era primo de Jesus, filho de Santa Isabel e Zacarias. Como profeta, pregou a verdade e anunciou a vinda do Messias.
Depois da Virgem Maria, João é o único santo em que comemoramos a natividade (24 de junho) e o seu passamento para a eternidade (29 de agosto). Esse privilégio singular para ambos, com exceção de Maria Santíssima, faz de João um símbolo, isto é, “epilogo” da antiga aliança e o “prefácio” da nova aliança. João Batista cresceu nos desertos, e como todo profeta, agiu com dureza nas palavras, sempre veemente e intransigente, mas com a doçura de alguém que possui desvelo com o coração do outro.  Foi predecessor de Cristo e ofereceu o batismo aquele que era a causa do batismo. Por isso, ele foi um profeta condecorado, contemplado por poder tocar Naquele que ele pregou durante toda a vida.
Uma vez preparado por Deus, João assume toda a missão que lhe foi confiada desde o ventre materno, ele não fracassou! Deu lugar a Cristo que era maior que ele... "Convém que ele cresça e que eu diminua". (Jo. 3, 30)
Não podemos tratar de São João, sem tratar de Cristo, os dois são inseparáveis desde que foram gerados, pois, a visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel já evocava a missão dos dois. Que erro absurdo seria obstarmos um do outro. Por sinal, os historiadores acreditam que João era o homem mais admirado por Jesus Cristo. São João irrompeu a grande novidade, esperada desde o antigo testamento por todos os profetas.
Diante das artimanhas protestantizadas, imbecilizadas e desconexas do mundo afora, devemos crer naquilo que o Nosso Senhor pronunciou: Na verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não apareceu nenhum maior do que João, o Batista. (São Mateus, 11,7-11).
Mesmo que o mundo lance fora a confluência desses dois Rios, é perene o desejo de Deus na vida de São João. O mundo pode criar muitos “Sem João com Cristo”, mas Cristo nunca, nunca ficará sem São João!
Que ele nos ajude a denunciar tudo àquilo que nega e contradiz o reino de Deus em nosso meio. Tornemo-nos a voz dos que não tem voz e nem vez.
Deus abençoe os blogueiros!
Em Cristo, em João, em Maria, e com todos os anjos e Santos de Deus!

Aldenor Soares – Professor de História 
Ex-coordenador Diocesano do TLC.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Coração inquieto



Tenho um amigo que costuma dizer: “pelo dedo se conhece o gigante”. Certamente, essa fala não é dele, mas foi da sua boca que eu a ouvi pela primeira vez. Quero tomar de empréstimo esse ditado para me referir ao começo das Confissões de Santo Agostinho. O bispo de Hipona dá início à sua autobiografia – talvez a primeira da história e criando um novo gênero literário – falando da inquietude do seu coração. Instruído pela sua própria experiência e dotado de um fino senso de observação, Aurélio Agostinho assevera que o coração humano vive inquieto enquanto não encontra o objeto desejado. Viktor Emil Frankl, o renomado psicoterapeuta austríaco, diria que o ser humano não se realiza enquanto não encontra e desenvolve o seu sentido específico.
Em um único parágrafo, Santo Agostinho resume toda a história da humanidade e toda a história das nossas vidas. Todo o drama do gênero humano, do princípio ao fim, do primeiro ao último homem, todo o drama da minha vida, da sua vida, do começo ao ocaso, está contido no parágrafo inaugural das Confissões. Que absurda concisão e penetração de espírito!
É incrível perceber que ainda hoje – principalmente hoje! – muitos homens procuram e não encontram. Não sabendo o que procuram, contentam-se com o que encontram. Não se conhecem e conformam-se em viver, digo, em arrastar-se pela vida, sem uma direção consistente, sem um rumo que lhes preencha o vazio. Tomo a palavra “homens” no sentido de homens e mulheres. Muitos de nós somos desonestos conosco mesmos. Muitos contentam-se com verdades provisórias, em adiar indefinidamente a solução do problema da sua existência.
Conheço pessoas que têm medo de enfrentar-se. Que não suportam a própria companhia. São incapazes de ficar sozinhas com a televisão desligada. Esses indivíduos precisam do barulho como de uma droga. Ligam a televisão ou o rádio desde a hora em que acordam, mesmo sem prestar a atenção neles. Só os desligam quando deitam. Não têm tempo de estar a sós consigo mesmos. O silêncio os atormenta, perturba-os, deixa-os nus. É um silêncio absolutamente vazio, acabrunhante, terrível…
Por que será que tantos se afundam no álcool, nas drogas, no poder, na fama, no sexo ou no culto do corpo? Simplesmente porque são fracos? Creio que não. Não é porque são fracos. É porque desistiram. Porque o seu coração suicidou, deixou de buscar o objeto desejado. Inquieto por natureza, o coração humano – obviamente, não me refiro àquele amontoado de carne de que é constituído o órgão – procura o “diacho” de alguma coisa que não encontra. Enquanto não é encontrado o amor ou a verdade definitivos, o sentido a realizar, o coração humano abraça amores provisórios – muitas vezes destrutivos! –, anestésicos, e verdades paliativas. Surge, muitas vezes, a tentação do desânimo e entra em campo o mecanismo de compensação das frustrações. Em alguns casos, ocorre o desespero. Pode parecer que o verdadeiro amor não vem, que o que pode dar-nos paz, sossego e repouso não existe. A espera é longa…
Calma, leitor! É preciso enfrentar o problema, o drama da nossa existência, e não fugir dele, contentando-nos com uma aspirina. Abraçar uma verdade provisória, casar-se com quem não se ama suficientemente e não nos realiza, é renunciar à felicidade completa.
É mais fácil não ter de pensar muito. Pensar dá trabalho. Às vezes, dói. Fugir dos problemas é mais confortável do que enfrentá-los. Mas a fuga não traz paz. A paz é fruto da verdade. Alguns têm uma idéia tão distorcida de si mesmos que para eles equivalem-se o ser e o não ser. Às vezes as pessoas sabem que existe uma verdade mais profunda sobre si mesmas e sobre seus dramas pessoais, mas a tentação de entregar os pontos, de se deixar levar pela corrente, pela ganância midiática e pela opinião dos covardes é muito mais cômoda.
Por que o nosso mundo é agitado e barulhento? Porque as pessoas que compõem a humanidade não encontraram o objeto desejado. Permanecem em uma busca sôfrega, trôpega, irrequieta e angustiante. A inquietação e a intranquilidade são sintomas de necessidades insatisfeitas. O primeiro passo é não tentar se enganar. É a honestidade para com a nossa consciência, para com os nossos anseios e talentos. É indispensável que não se troquem objetivos mais altos por finalidades mesquinhas.
Não nos contentemos, pois, com a inquietude. Não renunciemos à busca. O objeto dos nossos amores está à nossa espera. Santo Agostinho dá-nos uma boa pista, ele que percorreu esse caminho. A esposa dos nossos sonhos existe. Não nos comprometamos com os amores da estação.

Fonte: http://revistavilanova.com

terça-feira, 4 de junho de 2013

O projeto anti-cristão da agenda gay

A inversão de valores propagada pela mídia revela um projeto incisivo de destruição da moral cristã.


Os noticiários não falam de outra coisa. O liberalismo sexual, no qual se inclui a causa gay, ganhou de vez as manchetes dos principais jornais do país, numa avalanche que parece não ter mais freio. A unanimidade da imprensa em decretar o novo padrão de moralidade é tão eloquente que os mais desavisados sentem-se quase que impelidos a concordar com ele, mesmo que a contragosto. Mas enganam-se aqueles que, ingenuamente, atribuem essas movimentações ao curso natural da história. Trata-se, pelo contrário, de uma agenda compacta, determinada e amplamente financiada, cuja única meta é: minar os fundamentos da sociedade ocidental - o direito romano, a filosofia grega e a moral judaico-cristã - e, em última análise, a natureza humana.
Não é mais segredo para ninguém a hostilidade com que inúmeras nações se referem ao cristianismo. Praticamente todos os programas de governos atuais têm por política o combate aos últimos resquícios de fé católica que ainda restam na sociedade. E essa agenda ideológica encontra eco sobretudo nas Organizações das Nações Unidas, logicamente, a mais interessada na chamada "Nova Ordem Mundial". Essa perseguição sistemática à religião cristã e, mais especificamente à Igreja Católica, se explica pelo fato de ela ser única a levantar a bandeira da lei natural, que é a pedra no sapato dos interesses globalistas.
Em linhas gerais, o direito natural refere-se ao que está inscrito no próprio ser da pessoa. Isso supõe uma ponte de acesso a uma moral humana já pré-estabelecida, com direitos e deveres naturais, conforme a ordem da criação. Não corresponde a um direito revelado, mas a uma verdade originária do ser humano, que através da razão indica aquilo que é justo ou não. Essa defesa do direito natural foi o grande diferencial do cristianismo em relação às demais religiões no início do primeiro milênio, como assinala o Papa Emérito Bento XVI ao Parlamento Alemão, em um dos discursos mais importantes de seu pontificado:
"Ao contrário doutras grandes religiões, o cristianismo nunca impôs ao Estado e à sociedade um direito revelado, nunca impôs um ordenamento jurídico derivado duma revelação. Mas apelou para a natureza e a razão como verdadeiras fontes do direito; apelou para a harmonia entre razão objectiva e subjectiva, mas uma harmonia que pressupõe serem as duas esferas fundadas na Razão criadora de Deus", (Cf. Bento XVI ao Parlamento Federal da Alemanha em 2011).
A partir do último meio século, ressalta o Santo Padre, o direito natural passou a ser menosprezado, em grande parte, devido à razão positivista. Passou-se a considerá-lo como "uma doutrina católica bastante singular, sobre a qual não valeria a pena discutir fora do âmbito católico, de tal modo que quase se tem vergonha mesmo só de mencionar o termo". Com efeito, para o teórico positivista Hans Kelsen, a ética deveria ser posta no âmbito do subjetivismo e, por conseguinte, o conceito de justiça.
Criou-se, portanto, uma situação perigosa da qual o próprio Kelsen foi vítima posteriormente, quando perseguido pelo regime nazista por ser judeu. A justiça e a ética caíram no relativismo. Cada um julga-se a si mesmo, julga-se o conhecedor do bem e do mal. E "quando a lei natural e as responsabilidades que implica são negadas, - alerta outra vez Bento XVI em uma catequese sobre Santo Tomás de Aquino - abre-se dramaticamente o caminho para o relativismo ético no plano individual e ao totalitarismo de Estado no plano político". Como condenar os regimes nazistas, fascistas e comunistas por suas atrocidades se a justiça é um conceito relativo a cada um?
A Igreja condena a perversidade do relativismo justamente por essa falsa sensação de liberdade propagandeada por ele. É a mesma liberdade oferecida pela serpente do Éden à Eva, a falsa beleza que, na verdade, é escravidão. Quando exposta em termos claros e diretos, a lei natural se torna evidente e com ela, todo o arcabouço que a sustenta: o direito romano, a filosofia grega e a moral judaico-cristã. A lei natural encontra apelo no ser humano justamente por ser verdade e estar de acordo com a razão criadora, o Creator Spiritus. O Magistério Católico é, neste sentido, um dos únicos baluartes da justiça e da dignidade da pessoa humana, por falar quase que solitário em defesa da lei natural.
O trabalho da elite globalista - diga-se ONU, imprensa, ONGs esquerdistas e etc - consiste, neste sentido, única e exclusivamente na destruição desses pilares da lei natural. Assim, sepultam-na numa espiral do silêncio, enquanto reproduzem na mídia uma moral totalmente avessa e contrária à família. Desse modo, abrem espaço para a educação das crianças pelo Estado conforme a cartilha ideológica que defendem. É um programa totalmente voltado para a subversão e o controle comportamental que está sendo colocado em prática, descaradamente, por países como Estados Unidos, França, Suécia, Holanda e até mesmo o Brasil.
Neste momento, em que a Igreja vê-se atacada por todos os lados e se joga com a vida humana como se fosse algo qualquer e sem valor, urge o despertar de pessoas santas, imbuídas por uma verdadeira paixão à Verdade. Todas as grandes crises pelas quais a Igreja passou nos últimos séculos foram enfrentadas por santos de grande valor: São Luís Maria Grignion de Montfort, São João Maria Vianney, Santa Catarina de Sena, São Pio X... E essa crise atual requer a mesma fibra, o mesmo destemor e parresia com os quais aqueles santos estavam dispostos a entregar suas vidas, suas fortunas e até mesmo os seus nomes, sem medo da humilhação, firmes na Providência Divina e na certeza de que no alvorecer do novo dia será de Deus a última e definitiva palavra.

Fonte: http://padrepauloricardo.org/