sexta-feira, 30 de março de 2012

Vícios e virtudes


Por: Isabel Fillipi 

“nº 1866 – Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo S. João Cassiano e S. Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.”

Sendo assim, a Igreja nos enumera sete pecados capitais, mas a estes se opõem sete virtudes. Engraçado notar como nos lembramos muitos dos pecados, mas nos esquecemos de cultivar as virtudes. E existe alguma maneira de cortar o pecado se não agimos na contra-mão dele? As virtudes em específico que são contrárias a estes pecados capitais e vendo as coisas por este aspecto, lembro-me sempre do Pe. Leo Trese, que no livro “A fé explicada”, disse o que transcrevo aqui:


“É pena que, para muita gente, levar uma vida cristã não signifique senão “guardar-se do pecado”. Com efeito, “guardar-se do pecado” é apenas um lado da moeda da virtude. É algo necessário, mas não suficiente. Talvez esta visão negativa da religião, que se contempla como uma série de proibições, explique a falta de alegria de muitas almas bem-intencionadas. Guardar-se do pecado é o começo básico, mas o amor a Deus e ao próximo vai muito mais longe”.

Quando vivemos nossa fé com amor, tudo muda. E somente com amor poderemos ultrapassar todas as barreiras que este mundo nos coloca, porque fora do Amor, nada há. Peço licença novamente ao Pe. Leo Trese, pois vou cita-lo aqui:

”Você é virtuoso? Se lhe fizessem esta pergunta, a sua modéstia o faria responder: "Não, não especialmente". E, no entanto, se você é batizado e vive em estado de graça santificante, possui as três virtudes mais altas: as virtudes divinas da fé, da esperança e da caridade. Se cometesse um pecado mortal, perderia a caridade (ou o amor de Deus), mas ainda lhe ficariam a fé e a esperança”.


Mas, antes de prosseguir, talvez seja conveniente repassar o significado da palavra "virtude". Em religião, define-se a virtude como "o hábito ou qualidade permanente da alma que lhe dá inclinação, felicidade e prontidão para conhecer e praticar o bem e evitar o mal". Por exemplo, se você tem o hábito de dizer sempre a verdade, possui a virtude da veracidade ou sinceridade. Se tem o hábito de ser rigorosamente honesto com os direitos dos outros, possui a virtude da justiça. O Catecismo apresenta uma definição equivalente: "A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e espirituais. a pessoa virtuosa tende ao bem, persegue•o e escolhe-o na prática" (nº 1803).

Se adquirimos uma virtude por esforço próprio, desenvolvendo conscientemente um hábito bom. Chamamos a essa virtude uma virtude natural. Suponha que decidimos desenvolver a virtude da veracidade. Vigiaremos as nossas palavras, cuidando de nada dizer que altere a verdade. A princípio, talvez nos custe, especialmente quando dizer a verdade nos causa inconvenientes ou nos envergonha. Um hábito (seja bom ou mau) consolida-se pela repetição de atos. Pouco a pouco se nos toma mais fácil dizer a verdade, mesmo que as suas conseqüências nos contrariem. Chega um momento em que dizer a verdade é para nós como que uma segunda natureza, e, para mentir, temos que fazer força. Quando for assim, poderemos dizer sinceramente que adquirimos a virtude da veracidade.E porque a conseguimos com o nosso próprio esforço, essa virtude chama-se natural.

Mas Deus pode infundir diretamente uma virtude na alma, sem esforço da nossa parte. Pelo seu poder infinito, pode conferir a uma alma o poder e a inclinação para realizar certas ações sobrenaturalmente boas. Uma virtude deste tipo - o hábito infundido na alma diretamente por Deus - chama-se sobrenatural. Entre estas virtudes, as mais importantes são as três a que chamamos tealogais: fé, esperança e caridade. E chamam-se teologais (ou divinas) porque dizem respeito diretamente a Deus: cremos em Deus, em Deus esperamos e a Ele amamos.

Estas três virtudes, junto com a graça santificante, são infundidas na nossa alma pelo sacramento do Batismo. Mesmo uma criança, se estiver batizada, possui as três virtudes. Ainda que não seja capaz de praticá-las enquanto não chegar ao uso da razão. E, uma vez recebidas, não se perdem facilmente. A virtude da caridade, a capacidade de amar a Deus com amor sobrenatural, só se perde pelo pecado mortal.

Mas mesmo que se perca a caridade, a fé e a esperança permanecem. A virtude da esperança só se perde por um pecado direto contra ela, pelo desespero de não confiar mais na bondade e na misericórdia divinas. E, é claro, se perdemos a fé, perdemos também a esperança, pois é evidente que não se pode confiar em Deus se não se crê n’Ele. E a fé, por sua vez, perde-se por um pecado grave contra ela, quando nos recusamos a crer no que Deus revelou.

Além das grandes virtudes a que chamamos teologais ou divinas, existem outras quatro virtudes sobrenaturais que, juntamente com a graça santificante, são infundidas na alma pelo Batismo.


Fonte: www.sociedadecatolica.com.br

terça-feira, 27 de março de 2012

Dar razões da própria esperança


Queridos Jovens,

É necessário percorrer um caminho de preparação espiritual e apostólica se realmente desejamos que os frutos da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 possam amadurecer e transformar as nossas vidas. Devemos trilhar num itinerário de oração e de trabalho para que as palavras do Santo Padre, o Papa, e o encontro renovador em Cristo e com os irmãos do mundo inteiro possam dar frutos de vida eterna. Se não estivermos atentos, poderemos facilmente fazer parte da multidão que gritava “Hosana” no Domingo de Ramos e “crucifica-o” na Sexta-Feira Santa.

Desejo peregrinar com vocês e, para isso, gostaria de propor uma breve reflexão sobre o tema da primeira Jornada Mundial da Juventude: "Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês" (1Pd 3, 15).
Ele foi escolhido pelo Beato João Paulo II em 1986. Quando no dia 23 de março, no Domingo de Ramos, as dioceses do mundo inteiro realizaram a I Jornada Mundial da Juventude.

Lendo o convite de São Pedro a dar razões de nossa fé, a primeira coisa em que pensamos é como defender nossa fé contra aqueles que a denigrem. Pensamos em uma apologética da fé, que consiste apenas em embates e discussões para demonstrar a verdade. Este tipo de missão é necessário e importante, sem dúvida, mas deve ser executada por amor às pessoas a quem Deus ama.

Porém, muitas vezes nos esquecemos de que a primeira e fundamental missão e apologética que podemos e devemos realizar é a do testemunho de nossa fé através do exemplo. Um jovem de verdadeira identidade católica é aquele que transmite nas pequenas tarefas do dia a dia o sopro da graça Divina. Um jovem católico é alegre e entusiasta, é capaz de escutar a todos e falar com vivacidade de Cristo. É aquele que em casa apoia a família, e na escola se esforça por estudar, respeita os seus professores e é cordial com todos os funcionários da Escola em que estuda. E se o adolescente pratica algum esporte, é sinal de caridade e harmonia. Com a namorada ou o namorado coloca todos os meios necessários para viver com santidade esta etapa importante da vida. É também aquele que consegue ver com os olhos da fé os problemas sociais, familiares, psicológicos e dificuldades várias que passa na vida.

Não deixemos nos enganar pelo inimigo, porque o demônio nos ronda e nos tenta. Apologética deve supor a vivência pessoal da fé, senão fica completamente vazia. Verdade sem caridade transforma-se numa mentira, pois não respeita o outro enquanto criatura amada e querida por Deus. Cristo nos deu diversas lições sobre isto. É completamente evangélica a frase: “Rejeitar o pecado, mas não o pecador”. Querendo arrancar a erva daninha, muitas vezes poderemos arrancar a boa semente. 
A caridade sem verdade é falsa. Pois só na verdade existe a real caridade em sentido evangélico e cristão. Por isso, é importante sair da infantilidade da fé. Isso ocorre quando cometemos a injustiça de querer enfrentar os questionamentos do mundo tendo a formação infantil. Daí a importância do Ano da Fé pedido pelo Papa Bento XVI.

É triste perceber que existem excelentes profissionais católicos, com um alto padrão de formação e especialização que exige seu campo de atuação, mas que possuem um conteúdo catequético raquítico, desnutrido. É uma tremenda injustiça com a Igreja e com Cristo.
Então, o que fazer? Não podemos ficar com os braços cruzados. É necessário levar a boa nova de Cristo a todas as criaturas. E não há melhor modo de fazer isto do que através de gestos de amor, entrega, trabalho e doação.

É necessária a inteligência da fé. A Igreja possui dois mil anos de história e tradição. Carrega um patrimônio humanístico, cultural, filosófico e teológico únicos. Temos o Catecismo da Igreja Católica e o Compêndio do Catecismo. Temos os Santos Padres da Igreja. As encíclicas papais, os documentos dos concílios. É necessário saber dar razões de nossa fé, mas para isto é necessário estudá-la e aprofundá-la sempre e cada vez mais.

Nossa fé não é puro sentimento ou apenas a invenção de um grupo de homens piedosos. Existe a racionalidade da fé. E no Catolicismo esta inteligência da fé possui uma densidade tal, que seria um pecado de omissão não conhecer e estudar.
Peguemos as primeiras palavras do evangelho de São João. O que encontramos lá? “No princípio era o Verbo” (Jo 1,1). Uma das grandes questões que movia a mente dos filósofos gregos era a que versava sobre o princípio e fundamento de todas as coisas. Por que as coisas existem? Qual é o fundamento delas? João apresenta Cristo como o Verbo, o fundamento de todas as coisas que os gregos durantes séculos buscavam. Cristo é o verdadeiro logos, a razão. No cristianismo, Cristo é a razão encarnada.
São palavras belíssimas do evangelista, que devem encher nosso coração de alegria e entusiasmo por nossa fé. Ela não é irracional ou puro sentimento. Ela é sentido e razão de ser de todas as coisas. Não carreguemos em nossas almas algum sentimento de inferioridade. Não se deixem seduzir por intelectualismos vazios. Conheçam a fé que professam.

Preparem-se bem para a Jornada Rio 2013 através de uma vida verdadeiramente cristã, que seja sal e luz e possa atrair a todos pela beleza de seus gestos e palavras.
Preparem-se conhecendo mais profundamente a doutrina e a tradição da Igreja. Sempre há um motivo e uma razão para a Igreja defender certa posição. Antes de criticá-la, busque conhecer as razões. Devemos viver nossa fé com todo nosso ser, com nossa alma, com nossa inteligência e com o nosso coração.  A Igreja ofereceu aos jovens o catecismo adaptado à sua linguagem e, em Madri, entregou a todos os inscritos para a Jornada um exemplar em sua própria língua.

Dar razões de nossa fé é, sobretudo, viver integralmente o cristianismo. Muito me alegram os inúmeros grupos de jovens que utilizam as redes para a formação cristã.

Parabéns pela iniciativa! E felicito todos os jovens que estão levando a sério a preparação para a Jornada Mundial, através de encontros de oração, reflexão, partilha e missão. Motivo todos a continuarem por esse caminho, que só tem a enriquecer a vida de vocês.
Que Cristo, o Logos encarnado, nos ilumine para que possamos no dia a dia de nossa vida dar razões de nossa esperança. 

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por Dom Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ Radio Vaticana

sábado, 17 de março de 2012

Duvida sobre Imagens





Na verdade fica uma grande duvida ,os protestantes e sua bandeira contra as imagens católicas fico a pensar nisto ;
1° a bíblia é clara neste ponto , ela é contra ídolos (algo , alguém ou alguma coisa) que quer tomar o lugar de Deus existem varias passagens contra ídolos veja alguns ex:Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7.como podem notar existe sim é proibido fazer ídolo .
2° mas gostaria de falar desta outra parte da bíblia que manda fazer imagens (uma delas com poder de cura) Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 sendo assim fica bem fácil usando somente a 1º parte é desconsiderando a 2º.
3° falarei também sobre o templo de Jerusalém (templo este que Deus encheu com sua glória) 2cronicas 1,4 ! Este templo (cheio de imagens) era agradável a Deus. O único templo feito no velho testamento para Deus (era cheio de imagens) .
4° Para que não se diga que este templo esta no velho testamento Jesus refez tudo (ele aperfeiçoou , não acabou).(mt 13) e disse-lhes: Está escrito: Minha casa é uma casa de oração (Is 56,7), mas vós fizestes dela um covil de ladrões (Jr 7,11)! Mesmo com o erro do comercio barato que se fazia ,ele não deixou de dizer que era MINHA CASA é enquanto não adquiriu sua igreja com seu sangue (at,20,28) Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue)
Porque Jesus deixa claro só magistério da igreja tem autoridade para dar à devida interpretação as escrituras .(Lucas 8, 9-10) quem tentar irá se enganar
Mas na verdade o que é uma imagem! Uma imagem é tudo que você vê, ate uma letra é uma imagem , a bíblia é uma imagem portanto torna-se ilógico a firmação protestante de colocar tudo como imagem pois tem muita diferença de uma imagem para um ídolo.
Ídolo na verdade, foi comentado é combatido na bíblia porque queria tomar o lugar de Deus, ser Deus esta diferença tem que ficar bem explicada é entendida também .
Quando o povo judeu saiu do Egito levou consigo toda a tradição Egípcia de adorar ídolos o que obviamente contrariava Deus .
Mas voltando às imagens católicas, de forma alguma transgredi a lei de Deus porque todo santo ou santa foi assim definido pela igreja pela sua grande lealdade a Deus (foi um seguidor exemplar) portanto (não toma o lugar de Deus) mas nos anima a seguir o cristo vivo pois deram sua vida na esperança de alcançar o reino de Deus (Marcos 10,28- 29).
Mas fica uma duvida muito interessante porque não aceitam as explicações que nós católicos damos, qual seria este motivo.
Na verdade eles se recusam a acreditar na Bíblia! Mas acreditam mais no pastor é sua teologia deixando os profetas é Cristo de lado porque usam apenas alguns textos ,os que melhor explica seus pontos de vista sendo que a palavra da bíblia , como um todo é deixada de lado.
Bem disse são Paulo no final viriam falsos profetas homens que semeariam discórdia (3. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si.4. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.(2ª a Timóteo 4, 3-4))
Autor
slacerdaf

terça-feira, 13 de março de 2012

Jesus, homem e Senhor


<> (Jo 13,13)
Era natural entre os primeiros cristãos falar-se de Jesus como do “Senhor”, sabendo eles que, no antigo testamento, essa era a designação era um título reservado a Deus. Jesus mostrou-lhes mediante muitos sinais que tinha poder divino sobre a Natureza, os demônios, o pecado e a morte. A origem divina do envio de Jesus revelou-se na ressureição dos mortos. São Tomé confessou: <>(Jo20,28). Para nós, dizer que Jesus é o “Senhor” implica que um cristão não se deve submeter perante mais nenhum poder.
Através de Jesus Cristo Deus reconciliou-se com o mundo e redimiu a humanidade do cativeiro do pecado <> (Jo 3,16) Em Jesus, Deus assumiu nossa carne humana, mortal, participou da nossa sorte terrena, dos sofrimentos e da nossa morte, tornando-Se um de nós em tudo, exceto no pecado. [75-76]
“Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo por Mim próprio, mas é o Pai, permanecendo em Mim que faz as obras.” (Jo 14,10) 



terça-feira, 6 de março de 2012

Quaresma: um caminho a ser feito em direção a Cristo





Por Dom Henrique Soares 


A Quaresma é um período de quarenta dias. Inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, prolongando-se até a Quinta-feira Santa, antes da Missa na Ceia do Senhor. Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual e escuta da Palavra de Deus.
Na Igreja Antiga, este era o tempo no qual os catecúmenos (adultos que se preparavam para o Batismo) recebiam os últimos retoques em sua formação para a vida cristã: eles deveriam entregar-se a uma catequese mais intensa e aos exercícios de oração e penitência. Pouco a pouco, toda a comunidade cristã - isto é, os já batizados em Cristo -, começou a participar também deste clima, tanto para unir-se aos catecúmenos, como para renovar em si a graça de seu próprio batismo e o fervor da vida cristã, preparando-se, assim, para a santa Páscoa. Assim, surgiu a Quaresma: tempo no qual os cristãos, pela purificação e a oração, buscam renovar sua conversão para celebrarem na alegria espiritual a Santa Vigília de Páscoa, na madrugada do Domingo da Ressurreição, renovando suas promessas batismais.

As práticas da Quaresma
A oração: Neste tempo os cristãos se dedicam mais à oração e devem acrescentar algo àquilo que já praticam durante o ano todo. Uma boa prática é rezar diariamente um salmo ou, para os mais generosos, rezar todo o saltério no decorrer dos quarenta dias. Pode-se, também, rezar a Via Sacra às sextas-feiras!
A penitência: todos os dias quaresmais (exceto os domingos!) são dias de penitência. A primeira e indispensável penitência quaresmal é no tocante à comida e à bebida: sem renúncia a algum alimento não há prática quaresmal! Cada um deve escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Por exemplo: renunciar a um lanche diariamente, ou a uma sobremesa, etc... Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa os cristãos jejuam: o jejum nos faz recordar que somos frágeis e que a vida que temos é um dom de Deus, que deve ser vivida em união com ele. Os mais generosos podem jejuar todas as sextas-feiras da Quaresma. Farão muitíssimo bem! Recordemo-nos que às sextas-feiras os católicos não devem comer carne; e isto vale para o ano todo! Além da penitência na alimentação é necessário escolher algo mais como mortificação, isto é, renúncia a algo de que se gosta; por exemplo: música, televisão, internet, determinado tipo de divertimento...
A esmola: Trata-se da caridade fraterna. Este tempo santo deve abrir nosso coração para os irmãos: esmola, capacidade de ajudar, visitar os doentes, aprender a escutar os outros, reconciliar-se com alguém de quem estamos afastados - eis algumas das coisas que se pode fazer neste sentido!
A leitura da Palavra de Deus: Este é um tempo de escuta mais atenta da Palavra: o homem não vive somente de pão, mas de toda Palavra saída da boca de Deus. Seria muitíssimo recomendável ler durante este tempo o Livro do Êxodo ou o Deuteronômio ou, no Novo Testamento, o Evangelho segundo São Marcos. A leitura deve ser seguida, do começo ao fim do livro. Pode-se terminar sempre rezando um salmo...
A conversão: “Eis o tempo da conversão!”, diz-nos a Palavra de Deus. Que cada um veja um vício, um ponto fraco, que o afasta de Cristo, e procure lutar, combatê-lo nesta Quaresma! É o que a Tradição ascética de Igreja chama de “combate espiritual” e “luta contra os demônios”. Nossos demônios são nossos vícios, nossas más tendências, que precisam ser combatidas. Os antigos davam o nome de sete demônios principais: a soberba, a avareza, a tristeza (hoje diz-se a inveja, que é a tristeza pelo bem do outro), a preguiça, a ira, a gula, a sensualidade. Estes demônios geram outros. Na Quaresma, é necessário identificar aqueles que são mais fortes em nós e combatê-los! Recomendo, neste sentido, a leitura do livro “Convivendo com o mal. A luta contra os demônios no monaquismo antigo”, de Anselm Grün, Editora Vozes.

A liturgia da Quaresma
Este tempo sagrado é marcado por alguns sinais especiais nas celebrações da Igreja: A cor da liturgia é o roxo - sinal de sobriedade, penitência e conversão; não se canta o Glória nas missas (exceto nas solenidades, quando houver); não se canta o aleluia que, sinal de alegria e júbilo, somente será cantado outra vez na Páscoa da Ressurreição; os cantos da missa devem ter uma melodia simples; não é permitido que se toque nenhum instrumento musical, a não ser para sustentar o canto, em sinal de jejum dos nossos ouvidos, que devem ser mais atentos à Palavra de Deus; não é permitido usar  flores nos altares, em sinal de despojamento e penitência (nos casamentos e outras festas as igrejas, devem ser enfeitadas com muita sobriedade!); a partir da quinta semana da Quaresma podem-se cobrir de roxo ou branco as imagens, em sinal de jejum dos sentido, sobretudo dos olhos.

O importante é que todas estas práticas nos levem a uma preparação séria e empenhada para o essencial: a Páscoa! As observâncias quaresmais não são atos folclóricos, mas instrumentos para nos fazer crescer no processo de conversão que nos leva ao conhecimento espiritual e ao amor de Cristo. Tenhamos em vista que o ponto alto do caminho quaresmal é a renovação das promessas batismais na Santa Vigília pascal e a celebração da Eucaristia de Páscoa nesta mesma Noite Santa, virada do Sábado Santo para o Domingo da Ressurreição.
Que todos possam ter uma intensa vivência quaresmal, para celebrarmos na alegria espiritual a santa Páscoa do Senhor!

domingo, 4 de março de 2012

Para que eu existo?

Hoje iniciou a serie de textos de perguntas tiradas do YOUCAT: catecismo jovem, um ótimo material para conhecer é amar nossa santa Igreja.  Textos pequenos, que ajudaram a edificar a nossa fé.  Coragem e disciplina são as palavras para quem quer ser melhor na vida cristã. Que nosso criador nós conduza ao sempre mais alto. E como diz nosso Santo Papa Bento XVI:  Estudai o catecismo! Esse é o desejo de meu coração. Estudai o catecismo com paixão e perseverança! Para isso, sacrificai tempo! Estudai - o no silêncio de vosso quarto, lede-o enquanto casal se estiverdes namorando. Boa leitura e que nosso Deus abençoe a todos.



Estamos no mundo para conhecer e amar a Deus, para fazer o bem segundo a sua vontade e um dia ir para o Céu.
Ser pessoa humana significa vir de Deus e ir para Deus.

Nós vimos de mais longe que dos nossos pais. Nós vimos de Deus, do qual provém toda felicidade do Céu e da Terra, e somos esperados na Sua eterna e ilimitada bem-aventurança. Entretanto, vivemos neste mundo. De vez em quando, sentimos a proximidade do nosso Criador; frequentemente, não sentimos mesmo nada. Para encontrarmos o caminho para casa, Deus enviou-nos o Seu filho, que nos libertou do pecado, nos salvou de todo o mal e nos conduz infalivelmente à verdadeira Vida. Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6)

Deus nos criou por livre e desinteressado amor.

Quando uma pessoa ama, o seu coração transborda. Ela deseja partilhar a alegria com os outros. Nisso ela parece-se com o seu Criador. Embora Deus seja um mistério, podemos pensá-l’O de um modo humano e dizer: Ele criou-nos a partir 
do excesso do Seu amor.

Ele queria partilhar a sus infinda alegria conosco, criaturas do Seu amor.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O Tempo da Quaresma e a Campanha da Fraternidade



O que quer dizer quaresma?
        A palavra quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus cristo, comemorada no famoso domingo de páscoa. Esta prática data desde o século iv.
        Na quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira (até a missa da ceia do senhor, exclusive - diretório da liturgia - CNBB) da semana santa, os católicos realizam a preparação para a páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais.
        Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do cristo vivo, ressuscitado no domingo de páscoa. Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como cristo. Todas as religiões têm períodos voltados à reflexão, eles fazem parte da disciplina religiosa. Cada doutrina religiosa tem seu calendário específico para seguir. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência.
        Cerca de duzentos anos após o nascimento de cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a quaresma.

 Qual o significado destes 40 dias?
        Na bíblia são relatadas as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

 O que os cristãos devem fazer no tempo de quaresma?

        A igreja católica propõe, por meio do evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Não somente durante a quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta última como uma conseqüência da penitência.

 Porque jejuar na quaresma?
       A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função.
        Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa. Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas entre 18 e 60 anos.
        O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.

 O que é a campanha da fraternidade?
        O percurso da quaresma é acompanhado pela realização da campanha da fraternidade – a maior campanha da solidariedade do mundo cristão. Cada ano é contemplado um tema urgente e necessário.
        A campanha da fraternidade é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da sociedade a partir de um problema específico, que exige a participação de todos na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais.
        Seus objetivos permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor: exigência central do evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.
        Os temas escolhidos são sempre aspectos da realidade sócio-econômico-política do país, marcada pela injustiça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de miséria. Os problemas que a campanha visa ajudar a resolver, se encontram com a fraternidade ferida, e a fé, tem o compromisso de restabelecê-la. A partir do início dos encontros nacionais sobre a CF, em 1971, a escolha de seus temas vem tendo sempre mais ampla participação dos 16 regionais da CNBB que recolhem sugestões das dioceses e estas das paróquias e comunidades.

 Como começou a campanha da fraternidade?
        Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada campanha da fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em natal-rn, com adesão de outras três dioceses e apoio financeiro dos bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 dioceses do nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos organismos nacionais da CNBB e das igrejas particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das diretrizes gerais da ação pastoral (evangelizadora) da igreja em nosso país.

 Qual é a relação entre campanha da fraternidade e a quaresma?

        A campanha da fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.
        Desta forma, a campanha da fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à páscoa do senhor.